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Zema enfrenta a 1ª greve de servidor e Inconfidência vira radiola

No dia em que completou 85 anos, a consagrada “Gigante do ar”, Rádio Inconfidência, só não ficou fora do ar porque regrediu a uma rádio-vitrola. Sob o comando de piloto automatizado e robotizado, toca só músicas e programas gravados. Desde quinta (2), há uma greve dos funcionários. Como se fosse comum, ou menor, na administração pública, o governo Zema, que controla a emissora, ficou, como os trabalhadores, de braços cruzados, e não chamou para o diálogo.

Funcionários da Rádio Inconfidência participam de protesto, foto SJPMG


É como se, publicamente e diante dos perplexos ouvintes, adotasse a estratégia de deixar pra lá pra ver como fica e quem cederá primeiro. Por que eu e milhões de ouvintes da Inconfidência precisam ser tratados com esse descaso e incapacidade de um gestor que se diz mais eficiente do que os outros?


Não fiz assinatura de contrato algum, mas, como contribuinte, contribuo para a manutenção desse importante e histórico serviço público. Fazer 85 anos não deve ser o fim, mas a consagração da sobrevivência de um serviço público qualificado e que virou patrimônio dos mineiros que a seguem. Não se joga fora isso. Ouvi de uma ouvinte desorientada: “mas como assim, ficar sem música de qualidade e informação de credibilidade e atualizada nesse mundo de fake News?”


Paralisação põe bom gestor em xeque


A situação chegou a esse ponto porque os trabalhadores, segundo eles, foram esquecidos e ignorados em suas posições e reivindicações. Quem gerencia funcionários que não reivindicam para melhorar o serviço público que prestam está sendo enganado e, em consequência, enganando o cidadão.


Na área privada, seria até aceitável diante do perfil consumerista do capital, mas, na área pública, soa pouco caso com esse patrimônio cultural mineiro. Enquanto isso, ouviremos músicas e mais músicas, sem informação, entretenimento e cultura, até porque isso não dá para terceirizar. Ao contrário da área privada, o setor público seria péssimo para vender parafusos; ao contrário da área pública, o setor privado é péssimo para priorizar o bem coletivo.


Para quem não sabe da importância da Rádio Inconfidência, talvez, o governador Romeu Zema (Novo) desconheça, ela está no ar desde 3 de setembro de 1936. É uma das mais antigas rádios do Estado e transmite em AM, FM e em ondas curtas que a faz escutada em toda a Minas e Brasil. Nenhuma outra emissora tem esse potencial e capilaridade. Ou seja, para gerenciar, não basta ouvir, tem que ter visão também.


Conheça um pouco dessa história


Não é muito dizer que a rádio é uma das mais queridas pelos ouvintes mineiros. Ao longo da sua trajetória, a emissora foi pioneira em transmissões esportivas, culturais e de entretenimento. Já teve as presenças, por exemplo, de grandes nomes da música brasileira, como Ângela Maria, Cauby Peixoto e Carmen Miranda. Nos anos 80, foi a melhor intérprete cultural do Clube da Esquina e, na política, da Nova República numa manifestação de coerência e identidade com Minas, com o país e com seu tempo.


Por ser pública, a Inconfidência ainda ocupou nesses 85 anos o importante papel de abrir espaço para a diversidade dos artistas mineiros. Foi também a primeira emissora em Minas Gerais a ter uma mulher narradora de futebol. Ainda assim, de acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas (SJPMG), algumas de suas características democráticas mais marcantes passam por sérios obstáculos.


“Programas tradicionais foram retirados do ar e funcionários demitidos. A falta de investimento assola a emissora, assim como problemas com a gestão”, diz o Sindicato, em manifesto contra o que chamou de desmonte da emissora, que depende do governo do Estado.


Plano de cargos em segredo


Na mesma nota, informa que reestruturação nos cargos e carreiras, por meio de novo Plano de Cargos e Salários, deverá ampliar desigualdades e a terceirização dentro da rádio. O comando da Empresa Mineira de Comunicação (EMC), que gerencia a TV Rede Minas, além da Inconfidência, pretende adotar a medida. Segundo o Sindicato, as propostas estão mantidas em segredo pelo comando da emissora e que os funcionários ainda não puderam ter total conhecimento ou participação.


Já se sabe que o plano pretende acabar com a carreira dos radialistas concursados da rádio e entregar suas funções a empresa terceirizada. Na regra de progressão de carreira (aumento salarial), os trabalhadores com ensino médio estão sendo excluídos, atingindo em cheio os operadores radialistas. Logo eles, que colocam a rádio no ar todos os dias.


Além disso, os trabalhadores reivindicam tratamento igualitário entre servidores concursados aos cargos “de confiança”, nomeados pelo governo estadual para o comando da rádio. Enquanto os funcionários em geral estão sem aumento desde 2019, o comando da rádio aprovou para si uma reposição salarial equivalente a 11 anos. Atualmente, 18 desses trabalhadores recebem 40% de todo gasto com a folha salarial.


O que é comunicação pública?


Além da paralisação por tempo indeterminado, os trabalhadores da Inconfidência protestaram na sexta (3) na sede da emissora, no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte. O ato foi convocado pelo SJPMG e pelo Sindicato dos Radialistas/MG, em defesa da comunicação pública e da valorização dos profissionais concursados.


De acordo com o Sindicato, o protesto foi feito contra “a política nefasta de ataques ao trabalhador e ao serviço público do governo Zema, que só pensa em privatizar, terceirizar e precarizar”. Além disso, congelar salários dos concursados.


“Para os concursados, a proposta é zero de aumento, zero de reposição da inflação, zero de progressão salarial, congelamento, e terceirização das carreiras dos radialistas concursados. Tudo feito sem diálogo, às escondidas do trabalhador, ignorando completamente o princípio da transparência pública que deve reger empresas e todo tipo de órgão público”, aponta o SJPMG.


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