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Zema chama Kalil para dançar e leva declaração de guerra para 2022

De Zema: “Ele fala muito e faz pouco”; de Kalil: “Ele não fala nada e não faz nada”. O chumbo grosso trocado entre os dois expoentes emergentes da política mineira deu também a largada sucessória para 2022. O governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), já se posicionam como pré-candidatos a governador. O primeiro, à reeleição, perto do final do segundo ano do mandato atual e sem ter obra definida. Mais à vontade no posto, o segundo vem de conquista incontestável ao se reeleger prefeito da capital mineira com 63,3% da votação.

Julvan, Zema e a cúpula do governo em Moema, foto site AMM


Antes mesmo que as urnas municipais esfriassem, os dois colocaram fogo nas que virão daqui a menos de dois anos. Ao ser perguntado sobre o rival, durante o programa Entrevista Coletiva da TV Band, o governador rodeou, mas acabou chamando Kalil para dançar. Do tipo que não leva desaforo pra casa, o prefeito deu o troco no programa Roda Viva, da TV Cultura (SP). E declarou guerra ao dizer que o governador não cumpre a palavra nem paga o que deve à capital, cerca de R$ 700 milhões, segundo ele. “Ele é péssimo em tudo”, provocou o prefeito.

Kalil conta com aliados como Agostinho Patrus, foto Henrique Chendes/site PSD


Prefeito acusa ‘gabinete do ódio’


Esse é o marco zero da sucessão estadual. Não se pode dizer que, com o confronto aberto, tenha havido rompimento entre eles, até porque nunca houve aproximação. O prefeito atribui as desavenças ao que chamou de “gabinete de ódio” instalado no governo mineiro. Ele não citou nomes, mas estava referindo-se ao estilo do secretário-geral Mateus Simões (Novo), que, até março deste ano, era opositor ferrenho do prefeito na Câmara de BH.


Hoje, os dois vivem momentos distintos. O governador amargou derrotas na sucessão municipal por falta de planejamento de seu partido, que só lançou três candidatos a prefeito. Ao final, elegeu apenas quatro vereadores, dos quais três em Belo Horizonte. E mais, o discurso da ‘nova política’ do qual foi porta-voz e beneficiário nas eleições de 2018 saiu derrotado. O eleitor voltou-se para o centro, o tradicional e para a experiência. Outro aliado, o bolsonarismo, também ficou em baixa na disputa municipal.


Além da própria reeleição, Kalil viu seu partido crescer e conquistar mais prefeituras. Em todo o país, pulou de 541 para 655 municípios; em Minas, saiu de 54 para 78 cidades. O prefeito, que se elegeu, pela primeira vez, com o discurso do novo e de apolítico, agora mudou e se reelegeu com ampla frente de oito partidos.


Governador aposta no acordo da Vale


Do ponto de vista administrativo, o governador está apostando no sucesso do acordo com a mineradora Vale, do qual poderá receber injeção financeira da ordem de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões. Já adiantou que pretende construir, com boa parte desse recurso, o rodoanel, anel rodoviário na Grande BH para desafogar o trânsito da capital.


O acordo poderá salvar seu governo, que, até o momento, se sustenta no discurso de austeridade, com reformas administrativa e previdenciária, venda de uma aeronave, troca de palácio oficial por residência própria, entre outros.


Da parte do prefeito, há um pacote de obras para o segundo mandato, já que, nesses primeiros, reforçou o caixa para entregar obras reclamadas na cidade. Entre elas, a contenção de enchentes na região de Venda Nova (Norte), construção e reformas de centros de saúde e de escolas infantis (Emeis).


Estratégias para o interior


Para conquistar o interior, ambos estariam na mesma posição. Zema quer uma linha direta com os prefeitos por meio do presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Julvan Lacerda. A aproximação entre eles se deu depois que o governador fez acordo, via Judiciário mineiro, para pagar R$ 7 bilhões, confiscado pelo governo de Minas. Desses, R$ 6 bilhões no governo antecessor de Fernando Pimentel (PT) e R$ 1 bilhão do próprio governo de Zema.


Como 60% dos prefeitos serão renovados após as eleições municipais, o esforço feito até agora pode se perder. Terá que reconstruir essa ponte e pretende fazê-lo através da capilaridade de Julvan. No início do mês passado, o governador inaugurou escritório da Emater em Moema, município administrado, até o final deste ano, pelo presidente da AMM. Especula-se que Julvan poderia compor a chapa de reeleição de Zema como candidato a senador.


Kalil conta com deputados de partidos aliados, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), dos prefeitos que seu partido elegeu. Conta ainda com o apoio de dois senadores de seu partido, Antonio Anastasia e Carlos Vianna. Especula-se que a chapa de Kalil teria Anastasia como candidato à reeleição ao Senado e, como vice, Agostinho Patrus. Ainda tem como trunfo sua passagem pelo mundo do futebol, onde presidiu o Clube Atlético Mineiro. É querido pelos atleticanos e tolerado por cruzeirenses e americanos.




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