Dória e Argentina pressionam Bolsonaro na vacinação; Minas está refém
Poderíamos ter começado melhor o novo ano, pelo menos, sem inveja de outros 51 países, onde a vacinação contra a Covid-19 já começou. Nada menos do que 12 milhões de doses já foram aplicadas até domingo (3). Graças à Ciência e seus especialistas, já existem 10 vacinas aprovadas para uso, das quais seis tiveram a eficácia divulgada.
No fim de semana, a Fiocruz anunciou que pretende comprar dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford. Com isso, começará a pressão interna. Quem vai começar a vacinação, afinal? O governo federal ou o governo paulista na disputa política entre o presidente Bolsonaro e o govenador João Dória (SP)?
O argentino Alberto Fernández, João Dória e Bolsonaro, fotos Ricardo Moraes/Reuters/ABr, Rovena Rosa/ABr e Antônio Cruz/ABr
Por um lado, essa briga tem forçado o governo federal a apressar suas decisões. A pressão vem de fora também, após a decisão da Argentina, que começou a vacinar na terça passada. Isso poderá levar o governo brasileiro a anunciar um calendário nos próximos dias.
Quando questionado sobre isso, Jair Bolsonaro disse, no dia 26 de dezembro, que não se sentia pressionado pelo fato de outros países já terem começado a vacinar contra o novo coronavírus. “Ninguém me pressiona pra nada, eu não dou bola pra isso”, disse.
Chile e Argentina saem na frente
Os argentinos começaram a ser vacinados na terça (29 de dez.) com a vacina russa Sputnik V, priorizando os profissionais de saúde. A intenção do governo argentino era vacinar esse grupo em três dias. Antes da Argentina, na América do Sul, o Chile foi o primeiro a vacinar no dia 23 de dezembro.
O governo brasileiro ainda não se comprometeu com nenhuma data para o início da imunização. O Ministério da Saúde cogita, na melhor hipótese, distribuir as vacinas até 20 de janeiro. Na pior, depois de 10 de fevereiro.
Por outro lado, é complicado ficarmos na expectativa de um governo que continua correndo o risco de perder mais de 6,5 milhões de testes contra Covid-19. Mesmo depois de os testes terem tido a validade estendida.
Até hoje, os 6,5 milhões de testes RT-PCR não foram distribuídos para a rede pública e seguem encalhados em galpão no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Há ainda outros cerca de 3 milhões de unidades em posse dos Estados.
Minas precisa de plano B
Essa é mais uma das razões pelas quais Minas não pode ficar refém de uma campanha nacional sob o comando do Ministério da Saúde. É necessário pensar e buscar as alternativas.
Até lá, é importante que todos entendam que o risco existe e que é preciso evitar aglomerações, usar máscaras, lavar as mãos, entre outros.
A lista de países que já começaram a vacinar contra o coronavírus aumentou no dia 27 de dezembro quando a maioria dos 27 países da União Europeia iniciaram suas campanhas. Os dados são da agência de pesquisas Our World in Data, que faz levantamento com base nos dados divulgados pelas autoridades de cada país.
O mesmo levantamento revelou que a China foi o país que mais vacinou até agora contra o coronavírus, aplicando 4,5 milhões de doses, até o final do ano. Outros dois já passaram de 1 milhão de doses: os Estados Unidos (4.225.756) e Israel (1.090.000).
O Brasil registrou, nas últimas 24 horas, 543 mortes em decorrência da Covid-19, elevando o total de mortos a 196.561. No mesmo período, foram notificados 20.006 novos casos da doença, elevando o total de infectados para 7.753.752, segundo o Ministério da Saúde. É o segundo país em mortes no mundo. O primeiro são os Estados Unidos, com 350.664, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
Zema diz esperar Ministério da Saúde
Minas registrou, nesta segunda (4), 552.104 casos confirmados da doença e 12.063 mortes. Nove das 14 regiões mineiras começam 2021 na onda vermelha — a mais restritiva — do programa Minas Consciente. No dia 29 de dezembro, o governador Romeu Zema (Novo) assinou decreto que prorroga, até junho de 2021, o estado de calamidade pública por conta da pandemia. A medida precisa de aprovação pela Assembleia Legislativa, que poderá fazê-lo retroativamente.
Apesar de aguardar a definição do Ministério da Saúde, Zema disse que está organizando um plano B. “Nossa logística já está planejada e pronta para ser iniciada. Os 853 municípios mineiros receberão o imunizante assim que a vacina chegar ao estado”, disse Zema, na solenidade de extensão da calamidade pública.
Veja a relação de países e data de vacinação
Austrália: 20 de março de 2021; Colômbia: fevereiro de 2021; Egito: janeiro de 2021; Holanda: 8 de janeiro de 2021; Índia: janeiro de 2021; Paraguai: entre março e abril de 2021; Turquia: até 15 de janeiro de 2021.
Vacinas aprovadas e eficácia:
Sputnik V (91,4%);
Sinopharm-Pequim (79,34%);
Moderna (94,5%);
Pfizer-BioNTech (95%;);
Oxford-AstraZeneca (até 90%);
CoronaVac (superior a 50%).
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