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Sucessão de manifestos cobra ações e acusa Bolsonaro de “genocida”

Um movimento político vem crescendo na forma de manifestos diversos que reúnem universidades, líderes religiosos, artistas, advogados e economistas entre outras categorias. Todos convencidos da responsabilidade do governo Bolsonaro e de sua inação diante da escalada de mortes país afora. A Covid vai se agravando e se alastrando sem uma coordenação nacional e colapsando todo o sistema de saúde.


Essas entidades classificam a ação de Bolsonaro e de seu governo como de um “genocida’. Vou destacar aqui, pelo menos, dois desses manifestos. Um deles envolve líderes da Igreja Católica e da Universidade da PUC Minas. O reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Joaquim Giovanni Mol Guimarães, denuncia a omissão de Bolsonaro na pandemia.

Crescem manifestações contra o governo Bolsonaro na pandemia, foto Marcelo Camargo/Agência Brasil


O manifesto repete três vezes a expressão “genocida” com a qual o governo Bolsonaro é acusado como um dos responsáveis pelo desastre humanitário e sanitário que já matou cerca de 300 mil. Mais de 2 mil brasileiros morrem por dia ante o agravamento da pandemia e inação do governo federal. A PUC Minas tem como grão-chanceler o arcebispo metropolitano da Arquidiocese de BH e presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Azevedo.


Ameaça global


Sob o nome “Vida acima de tudo”, o manifesto reúne intelectuais, políticos, líderes religiosos entre outros e pode ser lido em seis idiomas. Além do português, espanhol, francês, inglês, italiano e alemão. No documento, consideram também que, por conta do governo, o Brasil está se transformando em ameaça global em função de novas mutações do vírus. “O monstruoso governo genocida de Bolsonaro deixou de ser apenas uma ameaça para o Brasil para se tornar uma ameaça global”, advertem. Essas manifestações foram ouvidas em várias igrejas por padres que realizaram missas virtuais nesse domingo (21).


Em outro manifesto, cerca de 500 economistas de todo o país e de várias gerações cobraram ações que garantam a retomada de confiança da população com relação ao perigo do vírus. No documento, a atuação do governo federal é criticada e pedem maior previsibilidade da situação de saúde. Reclamam uma “ação competente” do Executivo e uma “coordenação em âmbito nacional que permita a adoção de medidas de caráter nacional, regional ou estadual”.

Segundo os economistas, os recursos da gestão Bolsonaro são mal utilizados. Como medidas indispensáveis no combate à pandemia, os autores sugerem uma aceleração do ritmo da vacinação, o incentivo ao uso de máscaras e implementação do distanciamento social em caráter nacional.


Advogados pedem habeas corpus


Um terceiro grupo, de nove advogados, entrou com habeas corpus coletivo no Supremo Tribunal Federal (STF). Pedem salvo conduto para impedir investigações e processos contra todas as pessoas que realizarem críticas à forma como o presidente tem conduzido a pandemia. "Inclusive por sua qualificação como 'genocida”, acrescenta. O grupo argumentou que "tal adjetivação se configura como exercício regular de direito de crítica política, decorrente do direito fundamental à liberdade de expressão e crítica".


Na sexta (19), a Associação Mineira dos Municípios (AMM) enviou ofício pedindo socorro ao governo Bolsonaro em nome dos municípios mineiros contra Covid. Em tom dramático e de forte apelo, o presidente da AMM, Julvan Lacerda, advertiu para o agravamento da pandemia. “É inaceitável assistirmos brasileiros e brasileiras em total desespero e morrendo por afogamento no seco ou que, conscientes, fiquem em deplorável situação de intubação em, muitas vezes, interminável permanência hospitalar”, apontou Julvan.


Essa onda de manifestos e reações costumam ser a antessala de um outro, mais ou menos conhecido pela palavra inglesa que atende pelo nome de impeachment.


Esticando a corda


Em meio a tudo isso, em vez de parar, pensar e escutar, o presidente Bolsonaro vai, ao contrário do que critica, esticando a corda e dobrando a aposta. Na comemoração de seu aniversário de 66 anos, incentivou a aglomeração de pessoas diante do Palácio da Alvorada e afirmou que está no caminho certo.


Não reconheceu a compra tartaruga de vacinas nem citou o colapso dos hospitais e a mortandade de brasileiros. Em vez disso, o que fez? Mandou o futuro ministro Marcelo Queiroga visitar os hospitais, mas não é para ajuda-los a enfrentar a tragédia, apenas para verificar se os relatórios e a superlotação são reais. Esse é o cumulo do negacionismo. ‘Eu não acredito, não vejo e não ouço’.


Contra a onda de críticas e reações, disse que tem o Exército ao seu lado para defender o que chamou de democracia e liberdade. A liberdade a qual se refere é aquela sobre o direito de ir e vir e pegar o vírus quem quiser, em oposição à decisão de governadores em baixar o toque de recolher a partir das 20 horas.


Voltou a dizer que querem derrubá-lo e que só Deus o tiraria do cargo. Com Deus não tem nada com isso, vimos aí padres e líderes religiosos perdendo a paciência e cobrando do governo. Infelizmente, além de mortes, doenças, o país viverá muitas turbulências diante do desastre instalado em Brasília e fora de lá.


LEIA MAIS: Igreja Católica e PUC Minas também consideram Bolsonaro um genocida





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