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Pressão por impeachment, com adesão da direita, leva Bolsonaro a recuar

Os números das pesquisas detectaram o aumento da rejeição ao governo Bolsonaro, mas não identificaram que a insatisfação havia chegado a ex-aliados. A constatação veio das ruas, onde movimentos de direita como o Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre (MBL) aderiram às manifestações pelo impeachment do presidente. Ganharam também o reforço do empresário João Amôedo, fundador e ex-presidente do Partido Novo, o mesmo do governador Romeu Zema. Tudo somado, Bolsonaro sentiu a pressão e mudou a postura, passando até a elogiar a China e sua vacina.

Bolsonaro e Xi Jiping se encontraram em 2019: agora, são amiguinhos, foto Palácio do Planalto/ABr


Vamos aos fatos. Bolsonaro passou a ser também rejeitado pelas classes mais ricas e mais diplomadas. Entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, 56% acha que ele não tem capacidade de liderar. Entre os que têm curso superior, chega a 58%. Os dados foram apurados nos dias 20 e 21 de janeiro pelo instituto paulista Datafolha. Divulgados nessa segunda (25), apontaram que 48% dos entrevistados consideraram “ruim e péssima” a atuação do governo no combate à pandemia. Na avaliação geral, a mesma sondagem identificou que 40% dos brasileiros o julgam negativamente, oito pontos a mais que em dezembro.


Direita arrependida faz abaixo-assinado


Candidato do Partido Novo nas presidenciais de 2018, João Amoêdo e os movimentos Vem Pra Rua e Movimento Brasil Livre lançaram abaixo-assinado. No documento, defenderam o impeachment do presidente por conta de várias irregularidades que prejudicaram o país e o povo brasileiro. “Estamos diante de uma situação inaceitável, onde o Presidente da República desrespeita a Constituição, comete crimes de responsabilidade, coloca em risco o Estado Democrático de Direito e, infelizmente, a vida de milhares de brasileiros”. Eles integraram também o movimento que culminou com a destituição da então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016.


Mais de 60 pedidos de impeachment já foram protocolados contra Bolsonaro por deputados na Câmara dos Deputados. Entre os autores, o deputado Kim Kataguiri (SP), que se disse arrependido de ter votado em Bolsonaro. “Eu me sinto traído”, afirmou o fundador do MBL. “Uma forte mobilização popular poderia derrubá-lo”, disse ele, referindo-se ao presidente atual.


Buzinaço em 21 capitais


Essas avaliações e adesões à rejeição transformaram o buzinaço pelo impeachment em um dos maiores até agora desde o início do governo Bolsonaro. Pelo menos 21 capitais brasileiras e o Distrito Federal tiveram protestos no último sábado (23). Em Belo Horizonte, o que mais se ouvia era ‘fora Bolsonaro’, acrescido de ‘fora Mourão’ (vice-presidente), ‘vacinação já’ e “Bolsonaro genocida”.


As carreatas reprovaram a atuação dele no combate à pandemia e cobraram a volta do auxílio emergencial. Mais de 1.500 carros participaram dos protestos realizados em vários horários desse dia na capital mineira. As manifestações foram puxadas pelos movimentos de esquerda Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, com apoio da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Para se descolar das bandeiras vermelhas, o MBL e o Vem pra Rua promoveram suas carreatas no dia seguinte (24).


Senadora descrê em impeachment agora


Uma das candidatas a presidir o Senado, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) avalia que o impeachment ainda não é uma realidade política no Congresso Nacional. Tebet evita fazer críticas mais contundentes a Bolsonaro, que apoia seu concorrente, o mineiro Rodrigo Pacheco (DEM). “Como senadora, entendendo que o processo de impeachment é político antes de ser jurídico. Eu entendo que ainda nós não temos ruas, não temos apoio popular para abrir qualquer processo de impeachment”, afirmou ela, um dia após as manifestações de rua.


Ainda assim, o aumento da pressão levou o governo a ajustar o discurso e a ação na tentativa de barrar a rejeição. Após muita pressão, o Ministério da Saúde também retirou do ar na quinta (21) aplicativo a profissionais de saúde. Ele recomendava os remédios sem eficácia comprovada contra a Covid.


Mudanças de postura do governo


Na sexta, Pazuello e os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e das Comunicações, Fábio Faria, foram pessoalmente acompanhar a chegada da vacina. Desembarcaram em Guarulhos (SP) 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Em um breve pronunciamento, eles disseram que governo está empenhado em salvar vidas.


O forte viés ideológico anti-China do chanceler Ernesto Araújo o obrigou a sair de cena na interlocução com a diplomacia chinesa. O chanceler passou a última semana sob forte pressão, responsabilizado por auxiliares de Bolsonaro como corresponsável pelo atraso no envio de imunizantes da Índia e bombardeado por assessores militares pelo forte componente ideológico na política externa.


A China agora virou amiga dos Bolsonaros, por enquanto. Na segunda (25), o presidente postou agradecimento ao governo chinês por sua “sensibilidade”. Pequim autorizou a exportação para o Brasil de 5.400 litros do IFA (matéria prima da vacina) para o instituto Butantan de São Paulo.




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