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PM que ameaçou matar Zema poderá ser ‘expulso’ e até se candidatar

Investigado pela Polícia Civil por ter ameaçado matar o governador Romeu Zema (Novo), o tenente-coronel reformado Domingos Sávio Mendonça deverá ser expulso da Polícia Militar. A expulsão se daria pela perda da carta-patente, ou seja, mantém a aposentadoria, mas sem direito ao porte de armas e carteira de policial.

Por outro lado, ao ser punido por brigar com o governador “em defesa da tropa”, o militar ganharia ainda mais o apoio de policiais, servidores da segurança e familiares, capaz até de elegê-lo vereador no ano que vem. Suas mensagens viralizam nas redes no meio da tropa. A PM tem cerca de 43 mil policiais na ativa; outros 20 mil reformados.

No dia 23 de agosto, ele postou o vídeo no qual fez a ameaça. Ele disse: “Tem que me matar, porque, se não me matar, eu mato o Romeu Zema. Eu mato o Romeu Zema porque há injustiça aí. (…) Porque eu estou lutando pelos operários da segurança pública”.

Após a repercussão do caso, ele voltou às redes sociais e se retratou. “Você vai matar o governador? Não, não vou não. Não vou, porque é isso que vocês querem. Vocês querem me ver tirando 30 anos de cana”, reparou.

Dois atos previstos para a mesma semana

Daí pra frente, tem postado vídeos diários. No último, desta sexta (6), Mendonça colocou em dúvida a atuação dos oito deputados ligados à segurança (cinco estaduais e três federais) e das 15 entidades associativas da policiais.

Por isso, passou a convocar, sozinho, uma grande manifestação de policiais, para o próximo dia 16, quando entidades e parlamentares estarão negociando a pauta sobre reposição de perdas de 28,68% e outros. O protesto está sendo chamado para acontecer diante da Cidade Administrativa (Norte de BH), sede do governo estadual.

A iniciativa dele pode dividir a mobilização de toda a categoria já que as entidades e os deputados também convocaram manifestação para três dias depois, no dia 19, caso o governo não apresente resposta satisfatória às reivindicações.

Sargento Rodrigues faz contraponto

De acordo com o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB), um dos líderes da categoria na Assembleia Legislativa, a data do dia 19 seria mais estratégica: “Primeiro, para avaliar o que será apresentado pelo governo; segundo, para dar tempo de deslocar os policiais do interior em caso do não atendimento da pauta”, argumentou.

Ainda nesta sexta, Rodrigues postou vídeo em sua página no Facebook, contestando as críticas Mendonça, como a que afirmou que os deputados teriam recebido 16,58% de reajuste. Segundo o deputado, somente coronéis e delegados receberam o percentual por conta do aumento do teto salarial no estado após o mesmo reajuste em nível federal. “Nossa pauta é a mesma dele. Temos que evitar a divisão, por isso negociamos em comissão. Não aceito mentiras; irei sempre rebatê-las”, adiantou Rodrigues.

O argumento de Mendonça para a convocação que fez para o mesmo dia da negociação se baseia na desconfiança de que o governo adiará mais uma vez a resposta. De acordo com ele, a pressão do lado de fora cobraria posicionamento imediato.

Denúncias contra oficiais da PM

Essa não é a primeira vez que Mendonça adota essa estratégia de atuação. Em maio passado, ele fez série de denúncias envolvendo oficiais da corporação, durante reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Foram acusações de corrupção, assédio sexual e perseguição contra subordinados. E mais, mordomias e privilégios, como uso indevido de viaturas, utilização indiscriminada de diárias e oferta de casas funcionais para altas patentes.

Ao final da reunião, a comissão reconheceu a gravidade das denúncias e aprovou apuração e série de requerimentos com pedidos de informações e de providências ao comando da PM.

FOTOS LUIZ SANTANA/ALMG: Tenente-coronel Mendonça e Sargento Rodrigues

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