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Pressão de Zema leva Assembleia a votar o RRF

Pressão contínua do governador Zema, somada ao desespero dele sobre eventual rejeição do Supremo Tribunal Federal (STF) ao seu pedido de nova prorrogação, está levando a Assembleia a votar a adesão ao RRF. A adesão ao Regime de Recuperação Fiscal, ainda que seja desnecessária, é a garantia que Zema busca para evitar o que chamou de “colapso financeiro” de seu governo. Diante disso, o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), pautou a votação do RRF para a próxima segunda-feira (15). Ainda na manhã dessa quarta (10), o próprio vice-governador Mateus Simões (Novo) havia classificado essa possibilidade de “esquizofrenia política”.

Tadeu Leite pautou o projeto do RRF de Zema para a próxima segunda, fotos Luiz Santana/ALMG e Gil Leonardi/ImprensaMG


Segundo Simões, forçar a votação do projeto de adesão de Minas ao RRF seria a confirmação do sintoma. A manifestação psicótica envolve perda do contato com a realidade, que, no momento, consolidou uma proposta alternativa até muito mais vantajosa do que o RRF. “Seria uma ‘esquizofrenia política’ pedir que os deputados estaduais votem um projeto de lei que terá uma alternativa consagrada pelo Congresso Nacional em semanas”, apontou Simões. Ele se referia à proposta de renegociação do senador Rodrigo Pacheco (PSD), que deverá ser votada na próxima semana no Senado.


Por outro lado, Zema tem espalhado mensagens pelas redes sociais, advertindo para o risco de agravamento da crise econômica. “Ele [o presidente Tadeu Martins Leite, o Tadeuzinho] sabe dessa gravidade. Então, conto com a Mesa [da Assembleia] neste momento e também com os deputados. Se amanhã, nós tivermos um caos em Minas, eu vou deixar muito claro: eu fiz tudo da minha parte. Alguém é que não fez. Da minha parte, vou dormir com a consciência tranquila”, afirmou o governador.


“Eu sou você amanhã”


Indiretamente, o governador reconheceu as dificuldades de gestão do antecessor, Fernando Pimentel (PT), a quem sempre responsabilizou pelo desastre financeiro que herdou. Diante da possibilidade de experimentar a mesma situação, advertiu para o risco do desarranjo. “É algo que só depende de tempo. É difícil dar uma projeção exata agora, porque a Secretaria da Fazenda teria de fazer estes cálculos, mas eu digo que, quando você fica no negativo, tendo uma sangria desatada, uma hemorragia, é questão de tempo para que o coração pare de bater”, apontou ele, em entrevista.


Riscos políticos


Além do risco financeiro, outro de ordem política ronda eventual votação do RRF. O governo não tem votos suficientes para a aprovação e pode sair derrotado. Ainda nessa quarta (10/7), o deputado Sargento Rodrigues (PL) convocou os policiais civis, militares e penais para se mobilizarem contra a aprovação do RRF.


União parcial da esquerda


Uma semana depois do exemplo francês, a esquerda de Belo Horizonte resolveu se unir, ainda que parcialmente, na disputa das eleições da prefeitura da capital. Em ato chamado Unifica Beagá, o deputado federal Rogério Correia, pré-candidato do PT, vai ganhar, no sábado (13), o apoio dos partidos Psol-Rede. Com isso, o petista terá o apoio de cinco partidos, incluindo o dele, o PCdoB e o PV, que integram a federação com o PT. Os aliados do petista garantem que as pré-candidatas Bella Gonçalves (Psol) e Ana Paula (Rede) irão desistir em favor da unidade em torno de Correia. A assessoria de Bella não confirmou, mas Ana Paula, sim. A aliança é parcial porque a pré-candidata Duda Salabert (PDT) recusou a proposta de unidade, até mesmo a de ser vice de Rogério Correia.


Ministra chancela acordo


Nesta quinta (11/7), a ministra do Meio Ambiente e líder do partido Rede, Marina Silva, vai selar o acordo com Rogério Correia. “Entregaremos ao Rogério nossas propostas, construídas pelo movimento ‘BH tem jeito' para que ele inclua em seu programa”, disse a deputada Ana Paula, adiantando que a federação Psol-Rede aprovou o indicativo de apoio ao petista. Sobre a aliança, disse que houve tentativa de ampliar a unidade, durante encontro dela com Rogério, Bella e Duda Salabert. “Vamos continuar conversando”, adiantou Ana Paula.


Fuad e Lamac perdem


Com essa aliança, perde o pré-candidato à reeleição Fuad Noman (PSD), que buscava o apoio da esquerda. Junto dele, também fica derrotado o secretário municipal de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, Paulo Lamac, filiado à Rede e que defendia o apoio ao prefeito. Diante do indicativo da federação, deverá deixar o partido.


Acordo salva 2 mil empregos


Numa articulação com trabalhadores, sindicato e empresa, o superintendente regional do Ministério do Trabalho, Carlos Calazans, evitou a demissão de cerca de mil funcionários da Companhia de Tecidos Santanense, no Centro-Oeste mineiro. A empresa tem como sócio-majoritário o empresário Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar e atual presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). As negociações envolveram financiamentos e acordo com acionistas. Calazans vinha de outro movimento bem-sucedido, quando evitou demissão de igual número de funcionários do Carrefour durante negociação com o supermercado Epa. Com a negociação, o Epa incorporou também os funcionários.

(*) Publicado no Jornal Estado de Minas


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