Kalil inicia corrida eleitoral com chapa mais adiantada que a de Zema
A primeira definição do processo eleitoral deste ano trouxe a confirmação de que o governador Romeu Zema (Novo) ganhou concorrente na disputa contra futura candidatura de reeleição. Alexandre Kalil (PSD) deixou a Prefeitura de Belo Horizonte, na sexta (25), para disputar o Governo de Minas e, do ponto de vista político, sai na frente de Zema. Apesar da desvantagem nas pesquisas de intenções de voto, Kalil já tem encaminhada sua chapa e prováveis alianças partidárias.
Chapa de Kalil poderá ter Agostinho Patrus, como vice, e Alexandre Silveira, como senador, fotos PBH/ALMG
Com apoio do PT, PSB e PV, que deverão se coligar ao seu PSD, Kalil terá como vice Agostinho Patrus (hoje, no PV) e o senador Alexandre Silveira (PSD) na vaga ao Senado. A chapa poderá ficar de puro-sangue, caso Agostinho se filie ao PSD. A movimentação poderá acontecer se o PT reivindicar posição de destaque na chapa. Já tentou indicar o cargo de senador, não deu certo, agora, os petistas miram a vaga de vice de Kalil. Antes pré-candidato a senador, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT), agora, admite ser candidato a governador.
Paralisia vem de Bolsonaro
Da parte de Zema, a relação com Bolsonaro atrasa a formação de sua chapa. Como nesse campo, não tem meio termo, ou se é a favor ou contra, o governador patina entre reaproximar-se ou descolar de vez ante a alta rejeição do presidente. Por isso, Zema deixa abertas as vagas de vice e de senador.
O atual vice dele, Paulo Brant, agora no PSDB, não é mais bem visto no núcleo duro de governo e não deve ser convidado a continuar. Ele e Zema nem conversam mais. O aliado PSDB está pressionando, mas deve ficar fora da chapa. Outro apoiador, o PP quer entrar.
Para atender aos princípios partidários, ou se amparar neles, querem indicar um vice do próprio partido Novo, que seria o atual secretário Mateus Simões, da Secretaria-geral, mas não está certo. Para o Senado, ficaria aberta para a possível aliança.
Secretários de Zema deixam seus cargos
Na dúvida, os secretários Mateus Simões e Igor Eto, que é secretário de Governo, responsável pela relação política com a Assembleia, vão deixar os cargos até o dia 2 de abril. Igor quer ser deputado federal; Mateus Simões, se não for o candidato a vice, vai tentar ser deputado estadual.
Se o lado de Kalil ficou empolgado por conta da novidade acima (a desincompatibilização do cargo de prefeito), do lado de Zema, há sinais de preocupação pela falta de novidades. Zema intensificou as viagens pelo interior para cristalizar seu favoritismo. Vai enfrentar, daqui pra frente, forte concorrência, que tentará reduzir sua vantagem.
O eleitor, especialmente o mineiro, é daquele tipo que vai olhar para um e para outro, ver vantagens e desvantagens, qualidades e defeitos, para depois fazer a escolha.
Preocupações rondam o Novo
Zema está preocupado também com a insatisfação do funcionalismo. São 600 mil servidores, com reflexos para seus familiares, totalizando cerca de 2 milhões de pessoas. O governador já colocou em dia os salários e o 13º salário e está dando reposição geral de 10,06% para o conjunto do funcionalismo, que não vê reajuste há cerca de cinco anos.
São medidas importantes e positivas, mas não teriam sido suficientes. Tanto é que a maior do funcionalismo- servidores da saúde, segurança e educação- protestam por reposição maior.
Na parte de obras, Zema não conseguiu grandes realizações para mostrar. As estradas de Minas estão em estado lastimável. Há mais de 30 dias, por exemplo, há uma ponte interditada em Diamantina (nordeste mineiro), que, quase deixa isolado e ilhado o Vale do Jequitinhonha, a região mais pobre e abandonada historicamente pelo Governo do estado. A ponte foi liberada na última sexta (25), mas com vetos para ônibus, caminhões, entre outros pesados.
Para chegar do outro lado, é preciso percorrer outros100 quilômetros de estradas esburacadas. Imagine o sofrimento das pessoas que precisam de atendimento médico em Diamantina e de quem estuda lá.
Prefeito intelectual
Ainda na Prefeitura de BH, não se pode deixar de registrar nem diminuir, que a primeira mudança que a sucessão eleitoral impõe é a troca de prefeito. A partir da próxima terça (29), o vice-prefeito Fuad Noman vira prefeito para um mandato de 2 anos e nove meses, com direito à reeleição.
Fuad Noman, descendente de sírio como Kalil, é um economista, intelectual e, como ele mesmo se diz, um “escrevedor de livros”. Está preparando o terceiro livro; o segundo, Cobiça, será lançado na bienal do livro em BH no mês de maio.
Nessa transição, o secretário Josué Valadão vai deixar a Secretaria de Obras de BH para assumir a Secretaria de Governo, que está vaga, cargo que ele já ocupou. Terá a missão de fazer e recompor a difícil relação com os vereadores. Além de fazer a articulação de toda a máquina pública da prefeitura, onde está há 14 anos, desde o primeiro mandato do antecessor, Márcio Lacerda.
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