Com ajuda do Centrão, Bolsonaro, blindados e retrocesso são derrotados
Foi um dia (terça, 10/8) histórico no país, por várias razões. A começar pela derrota do voto impresso, projeto defendido por Bolsonaro e seus aliados e seguidores, contra o voto eletrônico. Foi a vitória da democracia contra o atraso, o retrocesso, risco de fraudes e ameaças à própria democracia. Especialmente, quando Bolsonaro dizia, e ainda não se corrigiu, que não haveria eleições se o voto não fosse impresso.
Além das ameaças verbais, o presidente montou uma farsa ao autorizar desfile de blindados das Forças Armadas pela Esplanada dos Ministérios. Um passeio ridículo e vexatório, diga-se. Apesar da intimidação, mesmo assim, Bolsonaro foi derrotado pela Câmara dos Deputados com a ajuda do Centrão, bloco de deputados que dá apoio em troca de benesses oficiais.

Líder do Centrão e presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), anuncia enterro do voto impresso, foto Luis Macedo/Agência Câmara
Pelo placar da votação, os dois principais partidos do Centrão, PL e PP, que são a base de apoio de Bolsonaro, tiveram papel importante para enterrar a bandeira de Bolsonaro. Juntos, deram apenas 27 votos a favor da medida; outros 36 deputados votaram contra e 18 se ausentaram. Ou seja, se PP e PL tivessem votado a favor, o placar poderia chegar perto dos 308 necessários. Mas a proposta teve apenas 220 votos, ou 43% dos 513 deputados federais.
Maioria dos mineiros votou a favor
Ao contrário desse quadro, 26 dos 53 deputados mineiros, 50% da bancada, votaram “sim” e 18 “não”. Outros oito ficaram em cima do muro, entre eles o ex-governador, ex-senador e hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB). O tucano mineiro desencadeou, em 2015, após derrota na disputa presidencial, essa onda de desconfiança sobre as urnas eletrônicas o processo eleitoral brasileiro.
Mais um aspecto histórico é que, no mesmo dia, na outra casa do Congresso, no Senado, foi revogado o entulho autoritário da ditadura, de 1983, a Lei de Segurança Nacional. Por ela, o governo Bolsonaro recorria para impedir manifestações contra seus atos.
O projeto aprovado no lugar dessa norma revogada acrescentou uma série de crimes contra a democracia no Código Penal. Vai agora para sanção de Jair Bolsonaro. Com ele, ou sem ele, é mais uma reafirmação de que estamos em outros tempos e não queremos voltar àqueles do regime militar, da intervenção militar. Aliás, a intervenção foi até defendida por alguns durante o grotesco desfile de blindados em Brasília.
O que fará Bolsonaro?
Agora, é aguardar para ver o que Bolsonaro vai fazer depois de derrotado. Já se viu também que alguns (não todos) comandantes das Forças Armadas participaram do espetáculo grotesco que coloca em xeque a imagem e credibilidade de todos.
A imagem de dois carros de combate do Corpo de Fuzileiros Navais, com motores fumando, foi pobre e simbólica. Tanto quanto foi a tentativa de mostrar força contra os deputados federais que usaram o voto eletrônico para derrotar o voto impresso e o retrocesso.
Como votaram os deputados mineiros
AÉCIO NEVES (PSDB/MG) – Abstenção
AELTON FREITAS (PL-MG) – Não
ALÊ SILVA (PSL/MG) – Sim
ANDRÉ JANONES (Avante/MG) – Não
ÁUREA CAROLINA (PSOL/MG) – Não
BILAC PINTO (DEM/MG) – Ausente
CABO JUNIO AMARAL (PSL/MG) – Sim
CHARLLES EVANGELISTA (PSL/MG) – Sim
DELEGADO MARCELO FREITAS (PSL/MG) – Sim
DIEGO ANDRADE (PSD/MG) – Sim
DIMAS FABIANO (Progressistas/MG) – Sim
DOMINGOS SÁVIO (PSDB/MG) – Sim
DR. FREDERICO (Patriota/MG) – Sim
EDUARDO BARBOSA (PSDB/MG) – Não
EMIDINHO MADEIRA (PSB/MG) – Sim
EROS BIONDINI (PROS/MG) – Sim
EUCLYDES PETTERSEN (PSC/MG) – Sim
FÁBIO RAMALHO (MDB/MG) – Ausente
FRANCO CARTAFINA (PP/MG) – Sim
FRED COSTA (Patriota/MG) – Sim
GILBERTO ABRAMO (Republicanos/MG) – Sim
GREYCE ELIAS (Avante/MG) – Sim
HERCÍLIO DINIZ (MDB/MG) – Sim
IGOR TIMO (Podemos/MG) – Ausente
JÚLIO DELGADO (PSB/MG) – Sim
LAFAYETTE DE ANDRADA (Republicanos/MG) – Sim
LÉO MOTTA (PSL/MG) – Sim
LEONARDO MONTEIRO (PT/MG) – Não
LINCOLN PORTELA (PR/MG) – Sim
LUCAS GONZALEZ (Novo/MG) – Sim
LUIS TIBÉ (Avante/MG) – Não
MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO (PSL/MG) – Ausente
MARCELO ARO (Progressistas/MG) – Não
MÁRIO HERINGER (PDT/MG) – Não
MAURO LOPES (MDB/MG) – Ausente
MISAEL VARELLA (PSD/MG) – Sim
NEWTON CARDOSO JR (MDB/MG) – Não
ODAIR CUNHA (PT/MG) – Não
PADRE JOÃO (PT/MG) – Não
PATRUS ANANIAS (PT/MG) – Não
PAULO ABI-ACKEL (PSDB/MG) – Ausente
PAULO GUEDES (PT/MG) – Não
PINHEIRINHO (Progressistas/MG) – Ausente
REGINALDO LOPES (PT/MG) – Não
RODRIGO DE CASTRO (PSDB/MG) – Não
ROGÉRIO CORREIA (PT/MG) – Não
STEFANO AGUIAR (PSD/MG) – Sim
SUBTENENTE GONZAGA (PDT/MG) – Sim
TIAGO MITRAUD (Novo/MG) – Não
VILSON DA FETAEMG (PSB/MG) – Não
WELITON PRADO (PROS/MG) – Sim
ZÉ SILVA (Solidariedade/MG) – Ausente
ZÉ VITOR (PR/MG) – Sim
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