Bolsonaro reclama de Zema que teme efeito Lula em favor de Kalil
Pressionado de todos os lados, o governador Romeu Zema (Novo) permanece na chamada saia justa nesse período de pré-campanha eleitoral. De um lado, o presidente Jair Bolsonaro (PL) está cobrando alinhamento de Zema na busca de reeleição de ambos. Do outro lado, a estratégia do governador mudou. Agora, ele quer se desvincular do bolsonarismo diante da liderança da pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT) em Minas e no país.
Zema, Kalil, Bolsonaro e Lula vão brigar em Minas, fotos Gil Leonardi/Amira Hissa/ Antonio Cruz/Ricardo Stukert
Hoje, a vinculação a Bolsonaro é tida como tóxica por aliados do governador, que lidera as pesquisas para eleição estadual. No interior mineiro, o eleitor está escolhendo Lula para presidente e Zema para governador. Por outro lado, a campanha não começou e o que o governador receia é quando o seu principal adversário, Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte, entrar em campo. Por quê? Kalil vai dizer que está com Lula e que Zema está com Bolsonaro.
Visita desconfortável
Por conta dessa hesitação do governador, ele recebeu, na Cidade Administrativa (sede do governo), a visita do filho mais velho de Bolsonaro, o 01 (senador Flávio, do PL). No encontro que Zema não permitiu fotografias, Flávio levou o ex-ministro de Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), como sugestão para vice ou a senador na chapa. O que os Bolsonaro mais querem é amarrar Zema na campanha de Bolsonaro, que corre o risco de ficar sem palanque em Minas.
Pacheco jogou a tolha
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (senador do PSD por Minas Gerais) não formalizou nem irá, mas desistiu de disputar a Presidência da República. Iria tentar ocupar o espaço da terceira via contra a bipolarização entre Lula e Bolsonaro. Como não deu certo, Pacheco está esvaziando o projeto para que caia no esquecimento.
Em conversas com aliados, já deixou isso claro, que vai pouco a pouco deixando a ideia desaparecer. Por quê? Os indicadores são de que a sucessão presidencial caminha acentuadamente para a polarização entre Lula e Bolsonaro, sem espaço para a terceira via. O ex-juiz federal Sérgio Moro (Podemos) perdeu gás e está reavaliando seu futuro político. Há aliados que defendem que ele dispute uma vaga à Câmara dos Deputados para ser o deputado federal mais votado do país e, com isso, ter grande influência no Congresso Nacional. Pode ser, mas Tiririca não foi, mesmo sendo o mais votado.
Sem espaço para terceira via
Moro caiu nas pesquisas e está empatado com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), ambos abaixo dos dois dígitos. Na última pesquisa do instituto mineiro Quaest com o banco Genial (fevereiro de 22), Lula estaria vencendo no primeiro turno, batendo a segunda e a terceira via juntas. Essa pesquisa foi registrada junto à justiça eleitoral e protocolada sob o número br-08857/2022, no dia 03/02/22.
Com isso, quem se animou foi Ciro Gomes, ao perceber que o caminho da terceira via teria ficado livre para ele. Por isso, voltou a viajar. Esteve aqui, em Minas, na sexta passada, deu várias entrevistas e reuniu-se com o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD). Em todas as suas manifestações, atacou Bolsonaro e Lula, deixando Moro de lado, que era seu alvo mais próximo. De acordo com Ciro, o país estaria cansado da polarização entre Bolsonaro e Lula. Por isso, está à procura do eleitor que não quer nenhum nem outro.
Mês da dança de cadeiras
O mês de março será de grande movimentação na política mineira e nacional, com a dança das cadeiras. Vários deputados irão trocar partido em busca do melhor abrigo para a sobrevivência eleitoral e política. É o prazo final para mudar de partido e ficar elegível. O partido que mais deverá crescer com o troca-troca deverá ser o PSD do prefeito Alexandre Kalil, que deverá deixar o cargo para disputar o governo de Minas neste ano. Kalil também está em contagem regressiva. Tem até o dia 1º de abril para deixar o cargo e ficar em condições legais de disputa.
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