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Bolsonaro finge indignação para disfarçar falta de gestão na Petrobras

Bolsonaro (PL) disse, na terça (14), o que, agora, se confirma diante de mais um reajuste dos combustíveis anunciado pela Petrobras, contrariando decisão dele. Naquele dia, ele afirmou, diante de empresários, que “não leva jeito para ser presidente”. A declaração foi dada na abertura do 5º Fórum de Investimentos Brasil, em São Paulo, quase que implorando a compreensão e a reafirmação de apoio de seus seguidores.

A Petrobras anuncia novo reajuste na quinta-feira, 16, foto Agência Brasil


“Não podemos dissociar a economia da política. [Eu] não tinha nada para estar aqui [na Presidência]. Nem levo jeito. Nasci pra ser militar, fiquei por 15 anos no Exército Brasileiro, entrei na política meio por acaso”, reconheceu Bolsonaro em tom de vitimização.


Sem capacidade de gestão, ele recorre ao teatro da indignação para transferir a responsabilidade sobre as decisões da estatal. Confirma que não tem comando sobre a empresa da qual o governo é sócio majoritário, apesar de ter trocado três vezes a direção da companhia.


Governo e Petrobras: não há diferenças


Não foi à toa que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), associou o problema ao governo federal. Segundo Pacheco, não existe diferença entre Petrobras e governo federal e pediu que a gestão de Bolsonaro aceite criar uma conta de estabilização dos preços. Para isso, quer usar como recursos os lucros da estatal brasileira.


“Se a situação dos preços dos combustíveis está saindo do controle, o governo deve aceitar dividir os enormes lucros da Petrobras com a população, por meio de uma conta de estabilização de preços em momentos de crise. Afinal, é inexistente a dicotomia Petrobras e governo, pois a União é a acionista majoritária da estatal e sua diretoria indicada pelo governo. Além disso, medidas semelhantes estão sendo adotadas por outros países em favor de sua economia e de sua população”, disse Pacheco por meio de nota.


Bolsonaro, ao contrário, quer atribuir a responsabilidade exclusivamente à Petrobras pela alta dos preços dos combustíveis e aos impostos estaduais. A manifestação de Pacheco acontece em um momento em que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o próprio Bolsonaro ameaçam retaliar pesadamente a Petrobras e seus diretores pelo anúncio do reajuste.


Queda de ICMS: outro teatro


O presidente e seus aliados forçaram a aprovação da redução do ICMS, principal fonte de receita dos estados, para reduzir o preço dos combustíveis. O reajuste dado pela Petrobras encobriu a medida. Na quinta (16), a Petrobras anuncia reajustes de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no preço do diesel. A petroleira alegou que o mercado de petróleo passou por mudança estrutural e que é necessário buscar convergência com os preços internacionais.


Após 99 dias sem aumentos, o preço médio da gasolina nas refinarias da estatal passará de R$ 3,86 para R$ 4,06 por litro. Já o preço do diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. O último ajuste ocorreu há 39 dias.


Concorrentes apontam frouxidão


O principal concorrente na eleição, Lula da Silva (PT), criticou Bolsonaro pelas redes sociais, contestando a atual política de preços da Petrobras. “Ele inventou que a solução é reduzir o ICMS, mas tudo que ele vai fazer é diminuir o dinheiro da educação e da saúde nos estados”, denunciou o petista, em uma referência à intenção do governo de conter o peso do imposto estadual sobre os combustíveis. Minas, por exemplo, perderá R$ 17,5 bilhões com a medida, afetando os serviços públicos mais essenciais.


“A gente já provou que é possível lucrar com a Petrobras, vendendo a gasolina com o preço em real. Por que depois que viramos autossuficientes em petróleo começamos a importar? Por que impor um preço internacional a um produto nacional? Isso é perda de soberania”, advertiu Lula.


O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) fez ataques a Bolsonaro, a quem chamou de “banana” e “frouxo”. “Temos uma empresa pública imperial e insensível ao sofrimento do povo. E um presidente banana que não se impõe”, disse nas redes sociais.


“A mentira de Bolsonaro foi desmascarada: ICMS não aumenta preços dos combustíveis. Sua frouxidão também: se esconde, tremendo, atrás de Lira para tentar resolver a crise da Petrobras. Fora, seu frouxo!”, emendou.


Joga a culpa nos outros


Já a pré-candidata Simone Tebet (MDB) defendeu a ideia de que é possível encontrar alternativas para o quadro de carestia dos combustíveis. “Quem quer, resolve. Quem não quer, joga a culpa nos outros. A Constituição Federal dá saídas, no plural, para diminuir o preço dos combustíveis em situações excepcionais como agora, criando-se crédito extraordinário ou usando os dividendos da União”, afirmou nas redes sociais.


O pré-candidato André Janones (Avante) também questionou a atuação de Bolsonaro. Ele disse que o ataque do governo à Petrobras “é o primeiro caso de oposição a si mesmo registrado no país”.


Semelhante ao que o governo federal fez na pandemia, em que dia sim, dia não trocava o ministro da Saúde, as trocas na direção da Petrobras também evidenciam a falta de efetividade. A afirmação é do coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros de Minas, Alexandre Finamori.


“A questão é que os preços dos combustíveis estão em níveis insustentáveis. O preço da gasolina subiu 31,22%, em 12 meses, enquanto a renda média do trabalhador caiu quase 10%, segundo o IBGE. A “indignação” do presidente, Jair Bolsonaro, não se materializa em política pública. Pelo contrário, mesmo sabendo dos efeitos da privatização da refinaria da Bahia, que tem a gasolina mais cara do Brasil, mais duas refinarias foram privatizadas, no Amazonas e no Ceará”, atacou Finamori.


Crime foi político: alguém duvida?


O assassinato do indigenista Bruno Pereira, 41, e do jornalista britânico Dom Phillips, 57, na região do Vale do Javari, na Amazônia, constitui um crime político. A avaliação é de várias entidades de defesa da Amazônia, dos direitos humanos e dos povos indígenas.


“Ambos eram defensores dos direitos humanos e morreram desempenhando atividades em benefício de nós, povos indígenas do Vale do Javari, pelo nosso direito ao bem-viver, pelo nosso direito ao território e aos recursos naturais que são nosso alimento e garantia de vida, não apenas da nossa vida, mas também da vida dos nossos parentes isolados”. O manifesto é da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).


A Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) afirmou que a região do Vale do Javari sofre com a ausência de fiscalização e controle. Por conta disso, cresceram o desmatamento e atividades ilegais de pesca, caça, garimpo e narcotráfico.


“Vale a invasão e grilagem de territórios, vale a proliferação do garimpo, vale a extração ilegal de madeira, vale todo e qualquer conflito territorial. E vale matar para garantir que nenhuma dessas atividades criminosas sejam impedidas de acontecer. E tudo isso alimentado pelas ações e omissões do governo brasileiro”, diz a entidade.


Terra sem gestão e sem lei


O governo não consegue impor a lei na Amazônia, como constatou o presidente do Senado federal, Rodrigo Pacheco (PSD). Além disso, defensor do armamento da população, Bolsonaro tem se mostrado incapaz de controlar a situação na Amazônia.


Com isso, o Brasil está entre os países com maior número de assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente, segundo a ONG Global Witness. Em 2020, foram 20 assassinatos no país, que ocupa a quarta posição entre 22 nações monitoradas.


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