Mineiro faz malabarismo e inventa voto ‘anastonaro’ com ‘dilmasia’
A campanha eleitoral entra, agora, nessa fase de acomodação, com os candidatos tentando convencer os eleitores, e esses ainda submersos, descrentes e indiferentes, mas, pouco a pouco, tende a crescer o interesse e a atenção para a chegada do dia da votação (7de outubro). Até porque, somente agora o quadro está se consolidando com a mudança na candidatura do PT, após a troca de Lula por Fernando Haddad na cabeça de chapa. Além desse reenquadramento, outro fato que impactou a campanha foi o atentado a faca contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro.
Ainda assim, as pesquisas vão se sinalizando algumas situações que podem se confirmar ou não até o dia D, o da votação propriamente dita. Por exemplo, de acordo com os números das sondagens, especialmente aqui em Minas, até o momento, o eleitor está optando pela candidatura ao Governo estadual do PSDB, com Antonio Anastasia; para uma das duas vagas ao Senado, a ex-presidente Dilma Rousseff, do PT, segue na liderança e, para presidente, não são os candidatos desses dois partidos que estão na liderança, mas o do PSL (Bolsonaro).
O voto mineiro, então, até o momento, poderia ser chamado de ‘anastonaro’, mistura de Anastasia com Bolsonaro, e ‘dilmasia’, Dilma com Anastasia. São situações curiosas como já aconteceram em 2002 e 2006, com ‘lulécio’, mistura de Lula para presidente e Aécio, governador; depois, ‘dilmasia’, em 2010, com Dilma, presidente, e Anastasia, governador.
O fato é que Anastasia não tem conseguido ajudar o presidenciável de seu partido, Geraldo Alckmin, nem Dilma transferiu votos para o candidato à reeleição e governador Fernando Pimentel (PT), e para Haddad, a presidente (nesse caso, até justificável porque, só agora, há três dias, ele virou candidato oficial). É o que sinalizam as pesquisas. Podem mudar? Podem, até porque a campanha ainda não alcançou seu ponto máximo, a fervura necessária para conquistar a atenção do eleitorado.
Enquanto isso, o ‘atrasado’ Haddad tem dois desafios, o maior deles é ficar conhecido pessoalmente pelos brasileiros até o dia 7 de outubro e, política e eleitoralmente, ser tratado como o ‘candidato do Lula’. Se tiver êxito nas duas tarefas poderá até ir ao segundo turno. O tempo é curto, mas o favorece o distanciamento do eleitor médio da campanha. O segundo desafio dele é ocupar o espaço antes que os concorrentes mais próximos, do campo da centro-esquerda e esquerda, como Marina Silva, da Rede, Ciro Gomes, do PDT, e Guilherme Boullos, do PSOL, o façam, atraindo o eleitorado órfão do ex-presidente.
1º turno ou segundo turno em Minas?
Ao contrário da sucessão presidencial, que não tem influenciado a mineira, a disputa estadual tem outra polarização além aquela tradicional do PSDB contra o PT. É aquela entre os que trabalham para que haja segundo turno e um que pretende acabar com tudo no primeiro.
Anastasia, candidato a governador pelo PSDB, busca crescer para liquidar a fatura no primeiro turno e evitar riscos de um segundo turno; Fernando Pimentel, candidato à reeleição pelo PT, tenta crescer para evitar a derrota antecipada; os outros concorrentes, como Romeu Zema (Novo), João Batista Mares Guia (Rede), Dirlene Marques (PSOL) e Adalclever Lopes (MDB) - até o momento sem chances reais - podem ajudar, com o crescimento de cada um, para garantir a segunda votação.
Hoje, a situação está próxima de um empate técnico entre ter o segundo turno e a de terminar no primeiro turno. Se Fernando Haddad tiver êxito em sua campanha de comunicação, vinculando-se a Lula - porque seu potencial de voto cresce quando o eleitor fica sabendo que é o candidato de Lula -, Pimentel também poderia ter recorrendo à mesma estratégia. Essa tática não funcionaria, nem está funcionando, por exemplo, com Anastasia, já que seu candidato presidencial (o tucano Geraldo Alckmin) não é um bom cabo eleitoral.
FOTO REPRODUÇÃO BHAZ: Bolsonaro, Anastasia e Dilma lideram as preferências dos mineiros