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De caçador, Bolsonaro que fazer-se de vítima e criar razões para derrubar a democracia

Com mais de 130 pedidos de impeachment nas costas e investigações avançando sobre ele no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro tenta inverter o jogo. Ou seja, pedir impeachment de quem o está investigando. Bolsonaro já demonstrou que não está disposto a governar, como até agora não esteve, e a enfrentar os reais problemas do país. Entre os principais, são a crise sanitária, a crise economia, a fome e o desemprego e os incêndios na Amazônia e Pantanal.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, é o primeiro alvo de Bolsonaro, foto SCO/STF


O propósito dele, desde o primeiro dia, foi o de criar clima para que pudesse governar sem as ações, fiscalizações e julgamentos do Congresso Nacional e STF. Muito menos, a fiscalização da imprensa. Em resumo, isso chama-se golpe visando poderes absolutos e ditatoriais.


Agora, ele não quer só atacar as instituições e declarar-lhes guerra. Mais do que isso, quer colocar todos na mesma confusão e objetivo dele, o estado de guerra, porque assim ficaria mais fácil justificar seus fracassos. E transferir a culpa e responsabilidade por eles para os outros dois poderes, acusando-os de perseguição.


Investigações avançam


Por que faz isso? É porque o STF e o Tribunal Superior Eleitoral, por iniciativa dos ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, avançam nas investigações sobre seus atos e omissões. Referem-se ao combate à pandemia da Covid-19 e investigações criminais que têm Bolsonaro e seguidores como alvo.


Ali, como se sabe, o processo não segue os esquemas políticos adotados na Câmara dos Deputados, onde dormitam os mais de 130 pedidos de impeachment contra o presidente. Bolsonaro tem o apoio da maioria patrocinada pelo Centrão, o bloco parlamentar que faz política na base do troca-troca.


Por isso que, na sexta (20), Bolsonaro ignorou apelos de aliados e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/MG), ao ingressar com o pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. Nesta semana, deverá fazer o mesmo contra o ministro Luis Barroso. Iniciativas inéditas na República, e sem amparo legal, que precisariam de apoio político majoritário no Senado, onde ele enfrenta clima mais desfavorável do que na Câmara.


Crise paralisa o país


Com isso, com esse clima de tensão, tudo ficará adiado, desde o combate, por meio da força-tarefa, à pandemia até a votação de reformas previstas. Para esta semana, estão em discussão avançada a reforma do IR (Imposto de Renda) e a reforma administrativa. Há previsões de que a temperatura pode subir com as manifestações bolsonaristas previstas para o dia 7 de setembro.


A investida de Bolsonaro contra os ministros do STF foi uma resposta dele à decisão do ministro Alexandre de Moraes de autorizar mandados de busca e apreensão sobre aliados. Entre eles, o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ). Bolsonaro também reclama de Moraes por ter acolhido a notícia-crime do TSE e ter decidido investigá-lo por suposto vazamento de dados sigilosos de inquérito da Polícia Federal. Por último, pela derrota que sofreu na Câmara com o sepultamento da proposta do voto impresso, que ele atribui, equivocadamente, a uma articulação dos ministros do Supremo.






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