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Zema quer fazer de Belo Horizonte um Horizonte Perdido com mineração

Com licença ambiental autorizando mineração no cartão postal da capital mineira, o governo Zema pode levar Belo Horizonte a mudar de nome para Horizonte Perdido. Os graves riscos da exploração podem afetar a beleza natural da Serra do Curral que dá nome à cidade. Ao contrário dessa, ficará preservada em sua exuberância a Serra da Bocaina que abriga a fazenda Horizonte Perdido, que é um atrativo turístico na cidade Natal do governador.

Ambientalistas viram as costas, na Assembleia, em protesto à fala de representante do governo Zema, foto Daniel Protzner/ALMG


Na área rural de Araxá (Alto Paranaíba), o local atrai os amantes da natureza por meio de uma rampa de voo livre a 1.350 metros do nível do mar, no topo da Bocaina. A Belo Horizonte pós-Zema também não deixará lembrança alguma do filme Horizonte Perdido (1973) no qual sobreviventes de acidente de avião caem próximo de um lugar maravilhoso chamado Shangri-La.


Censura aos críticos


Em mais uma fala infeliz, vem o governador e diz: “Pessoas que não têm nenhuma formação não deveriam estar opinando. Então, que os técnicos opinem e que a Justiça defina o que é melhor para Minas Gerais. Mas quero deixar claro aqui que a Secretaria de Meio Ambiente fez um trabalho técnico que muito provavelmente ninguém vai conseguir questionar”, disse. O que o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman: “Não fomos consultados e não temos informações sobre essa monstruosidade que estão querendo fazer”, denunciou ele.


A pressa de Zema em autorizar a licença, da maneira como foi aprovada na calada da madrugada de sábado, só tem uma justificativa, de minerar a serra antes de seu tombamento. Essa iniciativa tem sido prorrogada por seu governo, que não convoca reunião do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep). A denúncia foi feita pela deputada Ana Paula Siqueira (Rede), durante sessão na Assembleia que discutiu a “maldição” da mineração para cima do belo horizonte da capital.


Licença ambiental atropela tombamento


Ana Paula Siqueira citou pedido de CPI, encabeçado por ela, para investigar as razões de o processo de licenciamento ter “atropelado” outro processo de tombamento da Serra do Curral. O pedido já conta com a assinatura de 20 parlamentares e precisa de mais seis para ser votado na Casa.


Zema quer calar quem é contra ao dizer que quem não é especialista não deveria opinar. O mineiro só é chamada a opinar quando as tragédias das mineradoras destroem o meio ambiente, casas, patrimônios e vidas, como as 300 de Brumadinho e Mariana. Antes de voltar a chorar e gritar contra as perdas, e até a receber a solidariedade de governantes, o cidadão tem o direito de contestar os tais pareceres dos tais especialistas.


O governador ignora que também havia pareceres técnicos favoráveis antes do estouro das em Mariana (Região Central) e em Brumadinho (Grande BH), responsáveis pelo morticínio. Nem todos os corpos foram encontrados da última tragédia, há três anos, mas a ganância das mineradoras e de seus aliados querem voltar com a “maldição”. Como o ex-ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente), do governo Bolsonaro, o governo Zema quer "passar a boiada" sobre a defesa do meio ambiente.


Na calada da madrugada


A secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Carvalho de Melo, defendeu a legalidade da aprovação do empreendimento pela sua pasta. A secretária argumentou que todos se manifestaram na reunião on-line do Conselho de Política Ambiental (Copam) em que o licenciamento foi aprovado, já na madrugada de sábado (30).


Foram registradas, segundo ela, 738 intervenções, razão pela qual a reunião teria se estendido até as 3 horas da manhã de sábado. Diante da gravidade da medida, o mais sensato teria sido interromper a reunião dentro do expediente republicano e retomar o debate na primeira hora da primeira segunda-feira seguinte.


Em vez disso, o modus operandi dos detratores do meio ambiente é esperar a cidade dormir para aprovar seus malfeitos. Não é a primeira vez que assim agem. Quem não se lembra que uma Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas marcou para 23h45 sessão no final de 2021 para discutir projeto de mineração. De autoria do deputado Tiago Cota (MDB), o projeto ampliava a área de conservação na Serra da Moeda em 75 hectares, mas retirava da área de proteção 12 hectares.


Manobra pela mineração


A manobra tinha o objetivo de facilitar a implantação de novo empreendimento da mineradora Gerdau. Só o horário da reunião demonstra a má intenção e má-fé. A maioria dos deputados percebeu a ‘maldição’ e derrotou o projeto.


Agora, vem o Copam para conceder licença ambiental para mineradora explorar a Serra do Curral. Além do medo de prejuízos à água e ao ar que chegam à cidade, haverá ainda a descaracterização, a destruição do Pico Belo Horizonte, um dos cartões-postais.


O mundo político consciente, responsável e sustentável está reagindo para derrubar a licença concedida pelo governo Zema à Taquaril Mineração S.A (Tamisa). Já os defensores da mineração apontam motivações políticas e eleitorais contra mais o empreendimento, como se os deputados não tivessem mandato até o final do ano. Foram eleitos legitimamente para isso, caso contrário, serão cobrados.


Na audiência das comissões de Minas e Energia e Meio Ambiente da Assembleia, ambientalistas e manifestantes protestaram contra a licença dada por Zema à Tamisa.



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