Trombadas com Assembleia podem derrubar secretário de Zema
O momento não anda muito bento para o secretário de Planejamento, Otto Levy, que, na falta de outro, voltou a ser porta-voz do governo Zema em todas as áreas. De saúde, pandemia à política. Como era de prever, acabou por trombar em algumas delas e provocar estresse e críticas. Há cerca de 10 dias, foi chamado de “secretário fake News” pelo presidente da Assembleia, Agostinho Patrus, do PV, por conta de declarações controversas e polêmicas.
Na terça (15), ganhou, ironicamente, um bolo de aniversário da oposição na Assembleia. Levado pelo deputado Ulysses Gomes (PT), o bolo comemorava um ano da promessa do secretário de vender o nióbio em um prazo de 15 dias. Com o recurso obtido no negócio, iria pagar o 13º salário do funcionalismo estadual de 2019.
Deputado Ulysses Gomes leva bolo de aniversário para criticar secretário na tribuna da ALMG (Henrique Chendes/ALMG)
Tudo não passou de movimento de pressão dele sobre os deputados estaduais para que aprovassem o projeto com a autorização legislativa. À época, o artifício colocou parte do funcionalismo contra os deputados. A Assembleia atendeu ao apelo, votou em duas semanas, o 13º foi pago, mas até hoje não foi vendido o nióbio.
Deputado do Novo também critica
Para justificar isso, Otto Levy culpou a posição do Ministério Público de Contas, que, nada mais fez do que o próprio trabalho, alertando sobre os riscos de prejuízo ao estado na operação. Por conta de mais essa declaração, o secretário foi chamado de mentiroso por outro deputado, desta vez, não foi da oposição, mas do próprio partido do governo, o Novo. Na terça (15), o deputado Bartô o chamou de “mentiroso” por não cumprir a promessa e ainda responsabilizar o órgão de fiscalização. “Está faltando planejamento para o secretário de Planejamento”: foi o veredito de Bartô.
Bartô disse que falta planejamento para o secretário de Planejamento, Otto Levy, fotos Ascom/ALMG
No mesmo dia, Otto Levy também foi contestado pelo presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-mg), Eduardo Luiz da Silva. Segundo ele, ao contrário do que disse Otto, faltaram medicamentos em diversas instituições de saúde ao longo da pandemia.
Levy prefere não jogar gasolina na fogueira
Otto Levy havia dito que Minas era o único estado em que não teria faltado medicamentos para intubação por covid-19. A Secretaria de Saúde informou, genericamente, que atendeu aos pedidos dos municípios. O secretário não quis rebater o dirigente nem os deputados. Disse apenas que respeita os deputados. Como articulador político, que ele não é, nem porta-voz, Levy pode afetar a credibilidade do balanço que o governo e o governador estão apresentando de sua gestão e seu frágil relacionamento político com a Assembleia.
Renovação de contratos temporários
Um dos projetos motivo da discórdia foi aprovada em 1º turno no dia 15, estabelecendo novas regras para a contratação temporária de funcionários por parte do governo mineiro. No dia 6, o secretário Otto Levy queixou-se publicamente que o adiamento da votação poderia provocar a demissão de até 50 mil servidores.
Foram 62 votos favoráveis à proposta, sem votos contrários ou em branco. A matéria, enviada pelo governador Romeu Zema (Novo) em agosto deste ano, permite a contratação temporária por meio de processo seletivo simplificado e dispensa a seleção no caso de contratação para atender às necessidades decorrentes de calamidade pública, de emergências em saúde pública e de emergências ambientais.
O Executivo estadual corre contra o tempo para colocar o projeto em votação. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) declararam inconstitucionais alguns pontos do texto atual. Por isso, uma nova redação é necessária.
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