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Senador da cueca constrange Bolsonaro e expõe mais uma mentira do governo

O constrangimento não ocorre só pelo fato de o senador Chico Rodrigues (DEM/RR) ser um dos fiéis aliados de Bolsonaro no Congresso Nacional. Nem mesmo por ser membro da tropa de choque do governo e seu vice-líder, escolhido pelo próprio presidente. Cabe a ele escolher ministros, assessores e o conjunto de líderes e vice-líderes. Ainda assim, Bolsonaro não seria responsável nem cúmplice dos malfeitos do senador amigo e aliado de uma “quase união estável”, como reconheceu o próprio Bolsonaro.

Hoje: Presidente Bolsonaro e o senador Chico Rodrigues, foto Presidência da República


Ontem: Bolsonaro e o senador Chico Rodrigues: ‘união quase estável’ (Reprodução/UOL/YouTube)


Depois do constrangimento, veio a mentira, que, como diz o sábio ditado, “tem perna curta”. O episódio do dinheiro na cueca aconteceu uma semana depois de Bolsonaro dizer que tinha acabado com a Lava Jato. Ao perceber a gafe, consertou para dizer que acabou com a operação por não haver corrupção em sua administração. Bravata mentirosa que durou apenas uma semana.


Cadê a ‘voadora no pescoço’?


Um dia antes do escândalo, o presidente disse, em nova bazófia, que daria “uma voadora no pescoço” de quem praticasse corrupção em seu governo. Mentira seguida de constrangimento. O que o presidente disse foi mais uma de suas mentiras, que compõem seu estilo de governar e enganar, iludir seus seguidores e a opinião pública.


Ao dizer que a ‘corrupção acabou’, ele contou uma grande mentira e de um modo antirrepublicano. Porque não é um presidente ou um governo que faria isso. Muito menos com “voadora no pescoço”. Para ser legítimo e insuspeito, esse papel deve ser das instituições de controle da República de fora do governo. Basta olhar à sua volta. Os filhos do presidente e outros familiares vivem enrolados em investigações de casos de corrupção.


De sua parte, o que fez Bolsonaro? Em vez de voadoras, ele desmontou vários órgãos do governo de controle, como o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que nem existe mais e que ajudava a Receita Federal a monitorar as movimentações financeiras atípicas no país.


A caneta Bic dele mexeu e mudou várias vezes ocupantes de cargos da Polícia Federal e trocou o próprio ministro da Justiça, à época, Sérgio Moro. Esse era tido e havido como ‘paladino contra a corrupção’ e coordenador da operação Lava Jato.


Mais importante e legítimo: o controle da corrupção não vem, nem depende, do presidente ou de seu governo, ou de sua boa vontade, mesmo em órgãos de controle internos. Ele tenta também mandar nos controles externos, como o Ministério Público Federal, o Judiciário, por meio da indicação de aliados terrivelmente fiéis.


Lava Jato se perdeu no personalismo


A Lava Jato deu sua contribuição no combate à corrupção, mas começou a se perder no personalismo de seus coordenadores e projetos políticos de seu entorno. Resultado, perderam o foco, o senso de justiça e o protagonismo, quando ficaram a serviço de um projeto político da época.


Na live semanal, Bolsonaro disse que Rodrigues era “uma pessoa que gozava do prestígio, do carinho de quase todos”, mas que o caso não tinha a ver com suspeitas no governo. “Quando eu falo que não tem corrupção no governo, repito, não tem. O que é o governo? São os ministros”​, justificou ele, buscando corrigir o incorrigível. Na dúvida, afastou a prática criminosa e o senador Chico Rodrigues da liderança de seu governo.


Patrimonialismo da cueca


O senador Chico Rodrigues foi afastado pelo Supremo Tribunal Federal, mas a decisão precisará ser confirmada pelo Senado. Caso se confirme, já é sabido quem irá assumir? Claro, o primeiro suplente, mas é importante saber que, por coincidência, é Pedro Rodrigues (DEM-RR).


Vem a ser o filho dele. É mais uma daquelas práticas coloniais do Brasil, que sobreviveu ao Império ou à República, que é o patrimonialismo. O sistema passa de pai para o filho, naturalizado, o uso descarado do estado e do dinheiro público em favor do privado, famílias, grupos etc. Isso não é de agora; está dentro dos 520 anos de Brasil.


​A PF encontrou indícios, segundo a Folha de S. Paulo, de que Rodrigues teria participado de um esquema criminoso responsável por desviar valores destinados à saúde em Roraima para tratamento de pacientes com Covid-19.


A suspeita decorreu de investigação da PF em contratos relacionados à pandemia. Eles envolveriam a destinação de emendas parlamentares para empresas indicadas por congressistas.


O que disse o ministro do STF


“A gravidade concreta dos delitos investigados também indica a necessidade de garantia da ordem pública. O senador estaria se valendo de sua função parlamentar para desviar dinheiro destinado ao enfrentamento da maior pandemia dos últimos 100 anos”. E mais, “num momento de severa escassez de recursos públicos e em que o país já conta com mais de 150 mil mortos em decorrência da doença”. A afirmação é do ministro Luís Barroso, do STF, que, na quinta, afastou o senador do cargo.


“Ao tentar esconder os maços de dinheiro, evitando sua localização e apreensão pelas autoridades policiais, o senador buscou frustrar a coleta de evidências imprescindíveis para a continuidade da investigação”, disse Barroso.


Além do cargo de senador, o que mais Rodrigues poderá deixar para o filho, além da continuidade do patrimonialismo?


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