Problema não foi falta de votos, mas a incompetência da gestão Bolsonaro
É simples assim. Os números são tudo, menos mentirosos nem dialogam com as fake News de um mundo negacionista. Bolsonaro perdeu a reeleição pela própria incompetência administrativa de sua gestão. Basta ver os tais números da aprovação e reprovação durante todo o mandato dele. Sem exceção, a insatisfação foi maior do que a satisfação em todos os, até agora, 40 meses da administração.
Bolsonaro fala pela primeira vez após a eleição, foto Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
De acordo com o cientista político e diretor do instituto mineiro de pesquisas Quaest, Felipe Nunes, a avaliação do mandato é mais importante do que aquela que as pessoas fazem na reta final.. Esse foi o principal motivo da derrota nas urnas. “O presidente Bolsonaro é o único não reeleito como incumbente no Brasil. Fernando Henrique (FH), Lula e Dilma conseguiram isso”, anotou.
Mandatos bem avaliados
Segundo o especialista, o mandato de FH (1990/94) teve avaliação média muito alta, embora tenha enfrentado crise internacional (câmbio) muito grande na reta final. “Ou seja, o mandato dele foi que garantiu a reeleição ele. Com Lula (2003/2006), a mesma coisa. Teve mandato muito bem avaliado, embora tenha sido atrapalhado pelos escândalos do mensalão na reta final, mas acabou se reelegendo”.
No caso de Dilma Rousseff (2010/14), a situação se repetiu. Ela teve 75% de aprovação no Brasil no 1º mandato. Sofreu fortes críticas após a Copa do Mundo, no Brasil, e uma das maiores manifestações por todo o país em 2014, acabou sendo reeleita. “Já com Bolsonaro, foi inverso. O mandato dele é inteiramente mal avaliado. Na reta final, como todo uso da máquina política, conseguiu melhora na avaliação de seu governo, mas não foi reeleito. Ou seja, a lição que fica é que o mandato inteiro pesa mais do que a reta final”, apontou Nunes.
Rejeição modelo Collor
Na pesquisa divulgada pelo Quaest, realizada entre os dias 28 e 29 de outubro passado, Bolsonaro melhorou um pouco sua avaliação às vésperas da votação de 2º turno. Seu positivo chegou a 27%; o regular a 26% e o negativo em 35%. Mas nem sempre foi assim.
Última pesquisa do Quaest às vésperas do segundo turno
De acordo com pesquisas do Datafolha, PoderData e Ipec, Bolsonaro obteve a mais alta taxa de rejeição (ruim+péssimo) desde janeiro de 2019, quando assumiu o posto.
Quando completou, por exemplo, mil dias de gestão em setembro de 2021, ele era avaliado como “ruim” ou “péssimo” por 56% da população. Outros 27% disseram que o presidente é “ótimo” ou “bom“, enquanto 14% o avaliaram como “regular“. A rejeição foi uma das maiores aferidas (instituto PoderData) depois de ouvir 2.500 pessoas em 411 municípios, nas 27 unidades da Federação.
Nesse período, a aprovação de Bolsonaro foi menor que as de Dilma, Lula e FH. Os mesmos levantamentos reconheceram que o atual presidente só ficou mais bem avaliado que Fernando Collor (1990/92), que foi derrubado por impeachment.
Ruim e péssimo
Outro instituto, o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), divulgada na mesma época, mostra que 53% dos entrevistados consideram o governo Jair Bolsonaro “ruim” ou “péssimo”. Para 23%, a atual gestão era “regular”. Foram 22% os que aprovavam o governo. O Ipec é administrado por executivos ligados ao antigo Ibope (que fechou as portas em janeiro de 2021).
O Datafolha, empresa do jornal Folha de S.Paulo, divulgou pesquisa em 16 de setembro de 2021. Também mostrou Bolsonaro aprovado por 22% da população, com 24% de “regular” e 56%, como “ruim” ou “péssimo”.
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