Presidente da Assembleia defende demissão de servidor fura-fila da vacina
À véspera da 1ª reunião da CPI dos fura-filas da vacinação, o presidente da Assembleia Legislativa, Agostinho Patrus (PV), defendeu, nesta quarta (17), punição exemplar aos envolvidos. Para ele, as sanções deveriam ser o pagamento pelas doses recebidas indevidamente e demissão por conta do que chamou de “crime gravíssimo”. As declarações foram dadas à jornalista Inácia Soares, durante o Jornal da Band Minas.
Agostinho Patrus deferiu o pedido de CPI dos fura-filas, foto Luiz Santana/ALMG
Duas listas apresentadas pelo governo estadual registraram 2.680 servidores que teriam se vacinado irregularmente. De acordo com o presidente do Legislativo, as pessoas que decidiram pela vacinação irregular agiram como se fossem Deus, ao escolher que vai ser vacinado ou não, vai viver ou não. Ele estranhou ainda que a aplicação das doses aos fura-filas foi feita em almoxarifado da Secretaria em vez de postos ou centros de saúde municipais. “A ideia era esconder o que era irregular”.
“No momento em que estamos com dificuldade com o volume das vacinas, furar a fila, criar um trem da alegria, nos parece um crime e um crime gravíssimo. Vimos na primeira lista (de 828) que apenas 11 pessoas têm mais de 60 anos. Os demais, ou seja, 817 têm menos de 60 anos. Então, é inadmissível que jovens que não estão na linha de frente, alguns em trabalho remoto, sejam vacinados”, apontou Agostinho Patrus. VEJA AQUI A ENTREVISTA AO JORNAL BAND MINAS
Pessoas de fora do Estado teriam sido vacinadas
Admitiu que, de acordo com as denúncias, cerca de 130 pessoas da lista sequer pertenciam do Estado e que a relação de nomes pode crescer ainda mais. Na noite dessa quarta, o governo estadual enviou à Assembleia Legislativa a nova lista com os 1.852 nomes. Reportagem da TV Paranaíba informou que 112 servidores da Regional da Saúde foram vacinados sem critérios em Uberlândia (Triângulo Mineiro).
Também na quarta, foi comunicada a composição da CPI dos Fura-Fila na Assembleia. A comissão terá prazo de 120 dias para apurar a vacinação irregular de grupos não prioritários no Estado. Além disso, irão investigar o baixo investimento na ampliação de leitos para o enfrentamento da pandemia de Covid-19 e a não aplicação do mínimo constitucional na saúde.
Indicados pelo ‘Bloco Minas São Muitas’, independente, serão membros efetivos os deputados Cássio Soares (PSD), Repórter Rafael Martins (PSD). E mais, Sávio Souza Cruz (MDB) e João Vítor Xavier (Cidadania). Os deputados Carlos Pimenta (PDT), Sargento Rodrigues (PTB), Doutor Paulo (Patri) e Hely Tarqüínio (PV) serão suplentes.
Bloco do governo será minoria
O Bloco ‘Sou Minas Gerais’, governista, indicou os deputados Roberto Andrade (Avante) e Noraldino Júnior (PSC) como membros efetivos e os deputados Guilherme da Cunha (Novo) e Zé Guilherme (PP) como suplentes.
O deputado Ulysses Gomes (PT) representará, como membro efetivo, o Bloco Democracia e Luta, de oposição. O suplente será o deputado Cristiano Silveira (PT).
Nesta quinta (18), às 16 horas, serão eleitos presidente e vice da CPI. A instauração da comissão é resultado de reunião realizada na Assembleia na última semana, em que foi ouvido o então secretário Saúde, Carlos Amaral. Deputados cobraram dele explicações sobre a vacinação de centenas de servidores administrativos da Secretaria, que estariam fora das prioridades do Plano Nacional de Imunização.
Diante da confirmação e da tentativa de barrar as investigações pela Assembleia, Amaral foi dispensado do cargo, dando lugar a Fábio Baccheretti. O médico era, até então, o presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
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