Polarização nos EUA será freio ao autoritarismo de Trump e de Bolsonaro
Independentemente do resultado que será divulgado, ainda hoje, sobre as eleições norte-americanas, a polarização registrada servirá como freio ao autoritarismo nos EUA e no Brasil. Seja vencedor o democrata Joe Biden ou o republicano Donald Trump, a decisão será apertada. Tudo somado, as eleições exibiram um país rachado, dividido, o que dificultará a governabilidade da futura gestão.
Trump e Bolsonaro: aproximação que não trouxe resultados, foto Alan Santos/PR
Será um governo mais fraco. Se a vitória for de Biden, Trump irá judicializar os resultados da eleição, atrapalhando muito sua gestão e dificultando a aprovação de projetos do rival. Do ponto de vista da política, um governo de Biden terá ação importante em desfavor do autoritarismo local e no mundo, incluindo o Brasil. A derrota do republicano influenciaria também a revisão nas políticas de meio-ambiente internacional e de direitos humanos.
Ainda assim, sobreviverão os seguidores de Trump, como sendo força expressiva na direita norte-americana. Se, ao contrário, Trump for reeleito, ele terá dificuldades de manter a agenda autoritária e de enfrentamento. Precisará recorrer mais ao diálogo para evitar derrotas no mesmo Congresso, onde a maioria democrata dominará a Câmara. Em ambos os casos, em função da polarização, a democracia terá mais oportunidade de sobreviver a retrocessos.
Brasil ganhou nada até agora
Especificamente para o Brasil, apenas Bolsonaro ganharia politicamente com a vitória de Trump, mas o Brasil, até agora, nada ganhou com essa aproximação entre eles. Ao contrário. Não houve nenhuma vantagem comercial. O que se viu foi uma submissão do governo brasileiro que o anula na hora de defender interesses brasileiros, como no aço, alumínio, soja, entre outros.
Sob Trump e Bolsonaro, o Brasil continua isolado, e os EUA estão perdendo, cada vez mais, a liderança no mundo com esse estilo bronco e belicoso do atual presidente. A Bolsonaro, interessa ainda a vitória de Trump porque os EUA terão papel fundamental em determinar o avanço de um acordo de livre comércio dos países. Poderiam apoiar também a entrada do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e o papel geopolítico dos brasileiros na América Latina.
Com Biden: troca de ministros
Já a vitória de Biden terá efeito imediato na política externa brasileira. Especialmente aquela referente ao meio ambiente. Isso poderá deixar o Brasil ainda mais isolado com o descompromisso até agora assumido com as prioridades ambientais. Entre eles, o Acordo de Paris, fogo na Amazônia e no pantanal.
E mais, provocaria a troca de ministros de duas pastas, a do Meio Ambiente (Ricardo Salles) e das Relações Exteriores (Ernesto Araújo). Esses dois ministros são remanescentes do governo Bolsonaro da política ideológica defendida por Trump. Com símbolos do atraso, não terão espaço com Biden.
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