Pesquisa Sebrae: 67% das empreendedoras mineiras são mães
O empreendedorismo tem sido uma das alternativas para muitas mulheres lidarem com os desafios de conciliar a maternidade com a vida profissional. É uma sobrecarga de tarefas: os cuidados com os filhos, o trabalho e o lado pessoal. É o que aponta pesquisa realizada pelo Sebrae Minas, realizada entre os meses de março e abril deste ano. Resultado: seis em cada 10 mulheres abriram o próprio negócio após terem filhos.
Empreendedora Vivi, durante lançamento do programa Mulheres de Favela, no Rio, foto Tomaz Silva/ABr
De acordo com a pesquisa “Parentalidade e Empreendedorismo”, um dos principais motivos que levam mulheres a empreender está a necessidade de renda e a busca de autonomia e flexibilidade de horários para estar presente na rotina dos filhos. A maioria das mães empreendedoras em Minas Gerais (67%) abriram o próprio negócio após terem filhos, e 62% delas tiveram o primeiro filho antes dos 25 anos.
Dificuldades no mercado de trabalho
A pesquisa ouviu 892 empreendedores (homens e mulheres) em todo o estado, dentre os quais 691 possuem filhos. A analista do Sebrae Minas, Izabella Siqueira, avaliou que é possível deduzir, que, a partir destes dados, a maternidade dificulta a entrada das mulheres, principalmente as mais jovens, no mercado de trabalho, e de ser o principal fator na busca de um trabalho que proporcione maior flexibilidade.
Quando perguntadas se ter filhos influenciou a decisão de empreender, 69% das mulheres afirmaram que sim. Já entre os homens, o percentual caiu para 49%. Entre as principais razões para as mulheres empreenderem (72%), está a busca de autonomia e flexibilidade. Para os homens, 74% deles apontaram a necessidade de garantir renda e qualidade de vida à família. “Esses resultados nos sugerem a presença de papéis culturalmente atribuídos aos gêneros: as mulheres como cuidadoras dos filhos e os homens como provedores do lar”, considerou Izabella.
Outro dado que chama atenção é que, para mais da metade das mães empreendedoras (54%), a renda proveniente do negócio não é a principal fonte de sustento da família, enquanto, entre os homens com filhos, 67% afirmam que sim. Além disso, para 67% das mães, a renda proveniente do negócio não é suficiente para arcar com as despesas da casa e da família, o que indica que entre as mulheres é muito maior a necessidade de uma fonte de renda complementar. A fonte mais apontada, por 43% das delas, é a renda do cônjuge/companheiro(a).
Dedicação no trabalho e vida pessoal
A sobrecarga de tarefas e a dificuldade em conciliar o tempo dedicado ao negócio e os cuidados com os filhos são apontados também como desgastes maiores entre as mulheres. De acordo com a pesquisa, 74% das mães são responsáveis pelo preparo das refeições da casa todos os dias da semana, enquanto 39% dos pais fazem o mesmo. A mesma discrepância acontece com relação aos cuidados com a casa: 69% das mães realizam tarefas domésticas todos os dias, contra 30% dos pais.
Outro impacto para as mulheres que sustentam o próprio negócio é que elas não têm tempo para as atividades de autocuidado e lazer. A maioria delas (56%) tem no máximo 3 dias da semana dedicados a essas atividades. “Essa falta de tempo para si mesmas pode resultar em altos níveis de estresse, esgotamento mental e dificuldades para lidar com as múltiplas responsabilidades de administrar um negócio e cuidar da família”, avaliou a analista.
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