Kalil pede 15 dias de paciência ante pressão de empresários
O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), pediu, nesta terça (12), mais 15 dias de paciência à população, especialmente ao setor do comércio. “Quem fecha a cidade não é o prefeito, é o vírus e os irresponsáveis que se aglomeram, vão a festas clandestinas e contaminam famílias inteiras. Têm que fazer protesto é na porta dos negacionistas, dos irresponsáveis”, contestou o prefeito um dia após o fechamento dos setores não essenciais do comércio. No mesmo dia, comerciantes fizeram protesto diante da sede da prefeitura, no centro da capital.
Kalil reafirmou que não conhece outro jeito de enfrentar índices assustadores da pandemia, os mais negativos desde o mês de agosto. Disse que o uso de máscaras, o isolamento social e o uso do álcool gel são os únicos recursos até que “a vacina tartaruga chegue”.
Brasil já tem mais de 8 milhões de infectados; BH chega a 71 mil, foto Roque de Sá, Agência Senado
Comércio descarta vinculação com a doença
Ainda nesta terça, entidades dos setores de comércio e serviços se reuniram com representantes da Prefeitura de BH para reavaliar o fechamento. As entidades argumentaram que não haveria nenhum dado vinculando o aumento do número de casos graves com a reabertura do comércio, ocorrida no 2º semestre passado.
“O que observamos é que há uma conjuntura de fatores que direcionam à elevação do número de casos, graves ou não, mas que não apresentam conexão direta”. A afirmação foi feita pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, referindo-se ao funcionamento do comércio.
Além dele, participaram representantes de outras 23 entidades representativas de diversos setores da economia, entre elas a Abrasel, a Amis, Associação dos Lojistas do Hipercentro. Pela prefeitura, participaram os secretários André Reis (Planejamento), Cláudio Beato (Desenvolvimento) e Adalclever Lopes (Governo).
De acordo com o presidente da CDL/BH, as entidades solicitaram à Prefeitura que os setores de comércio e serviços possam voltar a funcionar de portas abertas. “Podemos até discutir algum tipo de restrição para evitar aglomerações, mas o setor precisa estar de portas abertas para o público. Também solicitamos que tenhamos em conjunto, poder público e sociedade civil organizada, mais ações de conscientização de prevenção à Covid-19. Todas as entidades estão dispostas a colaborar com iniciativas para conter o avanço da doença”, disse Souza e Silva.
Secretário anuncia medidas
O secretário André Reis adiantou que 50 novos leitos serão utilizados para o atendimento de pacientes com a Covid-19. Ele disse também que leitos, que atualmente estão ocupados com outros tipos de tratamento, serão remanejados para os casos da pandemia. “Esse aumento do número de leitos também vai contribuir para reduzir os índices de ocupação e permitir a volta normal do comércio”, ressaltou o presidente da CDL/BH.
Segundo o Secretário de Planejamento, nesta semana acontecerão duas reuniões do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura e que a reivindicação das entidades será analisada. Ficou definido que, no início da próxima semana, a Prefeitura dará uma resposta.
Entidade aponta risco de falência
Levantamento feito pela CDL/BH avalia que o terceiro fechamento da capital, desde o início da pandemia, trará prejuízos ainda maiores. De acordo com os dados de sondagem feita entre os dias 7 e 8 de janeiro, 90,2% dos comerciantes preveem queda de 60,2% nas vendas. Dentre os entrevistados, 65% avaliaram o fechamento como indevido, precipitado ou exagerado, e 15,3% revelaram que vão decretar falência.
“Observamos que 90,2% dos empresários adotaram suspensão de contrato e 56,1% optaram pela redução de jornada e salário. Agora, o cenário é totalmente diferente. O lojista terá de manter a folha salarial e o quadro de funcionários, mesmo sem movimentação financeira”, advertiu o presidente da CDL/BH.
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