Eleição de aliados não livra Bolsonaro: impeachment depende das ruas
O rolo compressor está passando, hoje e amanhã (1), no Senado Federal e na Câmara dos Deputados na busca desesperada pela manutenção do poder. Diante das consecutivas críticas e denúncias, o governo Bolsonaro abandonou o discurso contra a velha política para abraçá-la de vez e evitar a crescente ameaça do impeachment.
O governo cedeu à tentação e ao fisiologismo para ter apoio e garantir apoio a seus dois candidatos. Arthur Lira (PP/AL) para presidir a Câmara dos Deputados. E para presidir o Senado, o mineiro Rodrigo Pacheco (DEM). Os indicadores políticos de Brasília é de que eles deverão vencer o deputado Baleia Rossi (MDB) e a senadora Simone Tebet (MDB).
Bolsonaro entre dois aliados, senador Rodrigo Pacheco e Arhur Lira, fotos divulgação, Fábio Pozzebom/ABr e Clarissa Barçante/ALMG
A eleição de aliados de Bolsonaro para o comando das duas casas também não garante blindagem total. Porque o apoio não é espontâneo nem autêntico. É comprado no mercado político da bacia das almas e da ocasião. E tem sido assim. Impeachment sabemos que tem outra trajetória e onde começa. Começa nas ruas, mas não se sabe onde e como termina.
Jogo pesado capitulou até o MDB
Nessas horas do desespero, em que o governo se sente acuado, o fisiologismo vem com força total, na velha forma de toma lá dá cá. São cargos oficiais e emendas do dinheiro público entraram no balcão de negócios da política (da velha, é bom que se diga).
Com isso, Bolsonaro ganha sobrevida. A própria Simonte Tebet, que está na oposição, disse que ainda não vê ambiente político para o impeachment de Bolsonaro. E que o julgamento não é jurídico e sim político.
Congresso age sob pressão
Primeiro, o impeachment ganha as ruas; depois, o Congresso Nacional é convencido, ou pressionado, a fazê-lo. Integrantes do Congresso, Câmara e Senado são responsáveis pelo julgamento político do presidente em caso de processo de impeachment.
O placar de hoje aponta que 111 deputados são favoráveis e 79 são contrários. A contagem foi atualizada na sexta (29). Um dia antes, eram 111 deputados a favor do impedimento e 77 contrários. Efeitos do esquemão sobre a bolsa de Bolsonaro.
Segundo o levantamento, 63% não se posicionaram até o momento. Outros 15,4% mostram-se contrários do impeachment. E 21,6% são a favor. Ainda assim, ali, basta ser contrariado para mudar de lado.
Amanhã (1) à noite, teremos a eleição de Lira para a Câmara e Pacheco para o Senado, mas os protagonistas de um impeachment, não são eles, mas as ruas.
Manifestações estão nas ruas
Neste domingo (31), a capital mineira e outras cidades mineiras e brasileiras fizeram carreata contra Bolsonaro. Além de BH, Juiz de Fora e Poços de Caldas registraram manifestações. Outros estados, como São Paulo, Rio Grande do Norte, Sergipe e Ceará, também registraram atos contra Bolsonaro.
Com buzinaço e diversas faixas e cartazes, os manifestantes também se colocavam a favor da vacinação contra a COVID-19. Em alguns estados brasileiros, aliados deram a resposta com atos favoráveis a Bolsonaro. Foi o caso do Pará, que teve uma carreata a favor do presidente e do governo federal na capital Belém.
Independência afetada
“Hoje, a independência do Senado Federal está comprometida. Comprometida pela ingerência porque temos um candidato oficial do Governo federal. Isso é visível diante dos anúncios feitos por colegas em relação a estrutura e ao apoio. E aos pedidos de ministros, de ministérios pedindo apoio para o candidato oficial do governo”, apontou Tebet.
A senadora recebeu o apoio do movimento Nego Partidário. Representantes do grupo entregaram uma carta de apoio à candidata. Une os comentos negros do MDB, Cidadania, PSB, PSDB e PC do B. Em carta entregue à Tebet, disseram que a senadora é uma aliada fundamental na luta contra a intolerância e o negacionismo.
“No momento em que o Brasil e o mundo pararam para reivindicar a luta contra o racismo, teremos a oportunidade de ter V.Exa. na Presidência do Senado Federal com o apoio de nossos partidos para consolidar propostas concretas, para pactuarmos na prática ações de mudanças em nossa sociedade.”
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