Disputar eleições seguidas é fórmula de político pra não ficar esquecido
A essa distância das eleições para prefeito de Belo Horizonte, no ano que vem, pesquisa serve para enganar os iludidos e desiludir os afoitos. Nada mais do que isso, como apontou a sondagem do instituto Paraná Pesquisas, divulgada na terça (14). São 20 meses até o dia da votação, tempo suficiente para construir ou desconstruir uma candidatura, seja no mundo real ou virtual.
Pré-candidatos a prefeito e prefeita de BH, foto montagem da Band News BH
Dito isso, o que temos agora são cenários que chegam como aquelas nuvens famosas do ex-governador Magalhães Pinto. Ele dizia que política é como nuvem: você olha, está de um jeito, quando olha novamente, já mudou.
Observação sábia de quem conhece mais do que a política. Antes dele, o bruxo Karl falava que “tudo que é sólido desmancha no ar”. A vida é dinâmica, ainda mais na política onde o que parece ser não é e nem se sustenta por mais de um mandato. Alguns, sequer para aquele que foi eleito.
Grupo dos desiludidos
Afinal, onde estão as ilusões e desilusões? Do primeiro lugar ao último. Vamos a elas: o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDS) foi apontado espontaneamente como o preferido. Seja querido ou não, ele não pode se candidatar nas próximas eleições porque já disputou duas eleições consecutivamente: foi eleito e reeleito. Pode tentar a vereança ou esperar mais três anos para cargos mais altos.
Outra desilusão vem do deputado federal mais votado do Brasil, o infantil direitista Nikolas Ferreira (PL), que experimentou o dissabor da reprovação. Ele só é grande entre os bolsonaristas, mas o eleitorado majoritário não tem só um lado. É mais amplo e menos obtuso.
Modalidades de pesquisas
Existem mais ilusões e desilusões, compreensíveis e toleráveis. Para lidar com a bipolaridade humana, os marqueteiros inventaram outra modalidade de pesquisa. Aquela foi espontânea, sem indicar os nomes, mas vem depois a estimulada, quando os nomes são apontados. Aí o cenário é outro, menos enganoso, porém, ainda impreciso dada aquela distância.
Aí, o quadro fica visível a uma primeira vista. O nome do senador Carlos Viana (Podemos), por exemplo, aparece como líder. Pode ser, mas ele vem caindo continuadamente na preferência. Como senador, elegeu-se com 3,5 milhões de votos em 2018. Tentou ser governador em 2022, caiu para 783 mil votos, ficando em terceiro lugar. Para a próxima, de 2024, o universo será reduzido ao eleitorado da capital mineira.
Pesquisa como recall
Tudo somado, a fórmula é disputar todas as eleições possíveis pra ficar visível e não ser esquecido durante os mandatos. Ainda mais o de senador, oito anos de permanência, especialmente quando não alcança conquistas nem projeção.
Pesquisas nesses períodos funcionam como recall, aquilo que os marqueteiros usam para justificar a lembrança do nome, seja de produtos ou de políticos. Além de Viana, são citados Nikolas e a deputada federal Duda Salabert (PDT), que tiveram sucesso de votação na última eleição (2022).
Falta comunicação
Outros dois postulantes, o presidente da Câmara de BH, Gabriel Azevedo (sem partido), e o prefeito Fuad Noman (PSD) tiveram desempenho pífio. Ambos disputam a cena política municipal com tapas e beijos. Fuad é estreante na disputa eleitoral e tem a seu favor o comando da máquina pública pela qual pode se projetar com obras importantes. A boa notícia pra ele, ou ilusão, é que sua gestão está aprovada por 57%, segundo a mesma sondagem acima.
O desafio dele está na comunicação, em transformar a aprovação administrativa em capital político e eleitoral. Uma coisa é certa: se ele não disputar a reeleição, vai querer pelo menos influenciar como grande eleitor e ajudar a fazer o sucessor.
O Paraná Pesquisas ouviu 812 eleitores, entre os dias 9 a 12 de março. A margem de erro é de aproximadamente 3,5 pontos percentuais. Quer ver ou rever a pesquisa? Confira aqui.
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