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CPIs deveriam adotar detector de mentiras, além de agência anti-fake News

O próprio relator da CPI da Covid, em Brasília, senador Renan Calheiros (MDB), adiantou que iria sugerir a contratação de uma agência de checagem de notícias para confrontar as fake News. Deveria também instalar um detector de mentiras ao ouvir cada depoente, com exibição dos resultados em um telão. Pelo menos poderia deixar vermelhos e ruborizados alguns que mentem, descaradamente para isentar a si e a outros das responsabilidades. Foi o que se viu nos depoimentos da CPI dos fura-filas em Minas e, em Brasília, e do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello.

O ex-ministro Eduardo Pazuello e o ex-secretário de Saúde Carlos Amaral depõem nas CPIs (Jefferson Rudy/Agência Senado + Guilherme Bergamini/ALMG)


Na última quinta (20), foi ouvido aquele que os deputados consideram como o chefe do esquema da vacinação irregular no governo estadual. Ou seja, o ex-secretário da Saúde e médico, Carlos Amaral, que, por essa razão, foi demitido pelo governador Zema (Novo). Amaral deveria ser o fiador, o responsável para levar a vacina aos braços dos mineiros, mas recorreu ao privilégio de se vacinar primeiro. E mais, ainda colocou outros 2 mil servidores, a maioria de seu gabinete, na mesma fila furada.


“Predisposição de mentir”


De acordo com o presidente da CPI, deputado João Vitor Xavier (Cidadania), o ex-secretário foi à comissão com a predisposição de mentir. A primeira mentira dele foi garantir aos deputados que a Secretaria de Saúde seguiu as regras de priorização estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Ao contrário, ele não era do grupo de risco, nem mesmo como profissional de saúde. Ele foi vacinado no dia 19 de fevereiro, quando ainda não estava definida a vacinação para pessoas que exerciam funções com mais riscos de contrair o novo coronavírus.


Outras mentiras de caráter técnico: Amaral argumentou que estava no 3º grupo de prioridades, quando há documentos que o colocavam no nível 4º. Ele disse que usou vacinas da reserva técnica, mas essas pertenciam aos municípios e não ao estado. Disse ainda que não organizou a vacinação irregular, apesar de ser o chefe da pasta, mas que foi chamado pela diretoria de Agravos Transmissíveis da Secretaria para receber a vacina. “Na hora em que fui chamado, compareci (para a imunização)”. Ou seja, transferiu a responsabilidade para um subordinado a ele. Enfim, são várias situações que podem levá-lo ao indiciamento pela CPI, que deverá concluir a investigação ainda neste mês.


15 afirmações falsas de Pazuello


Já em Brasília, o relator Renan Calheiros apontou 15 mentiras do ex-ministro Eduardo Pazuello em dois dias de depoimento. Calheiros divulgou documento em que rebate informações prestadas por ele. De acordo com o senador, “ficou evidente que a missão cumprida pelo ex-ministro não foi esclarecer a população ou colaborar com a verdade. Em vez, a missão cumprida foi a de isentar, a todo o tempo, o presidente Bolsonaro de qualquer responsabilidade pela condução temerária das ações de combate à pandemia.


Em uma delas, o ex-ministro garantiu que “em hipótese alguma, o presidente nunca me deu ordens diretas para nada” (…) E mais, que ,“em nenhum momento, o presidente da República o havia desautorizado ou orientado a fazer diferente de qualquer coisa que estava fazendo”.


É público e bastante visto o vídeo de 22 de outubro, em que Pazuello disse que ‘É simples assim: um manda e outro obedece’. A frase foi dita um dia após Bolsonaro mandar ele cancelar o contrato de compra das vacinas com o instituto paulista Butantã. “Quem manda sou e eu pronto; eu decidi”, disse Bolsonaro, em entrevista gravada, ao descartar, com irritação, a compra das vacinas. Três meses depois, foram essas as vacinas rejeitadas as únicas disponíveis no Brasil a serem aplicadas por iniciativa do Governo de são Paulo.


E foi assim sobre o tratamento precoce criado pelo ministério que ele gerenciava, o uso de máscaras, a decisão do STF que não impediu ações do governo Bolsonaro. Enfim, um detector de mentiras faria bem para não ofender a inteligência nacional, ainda que, ao final da sessão, o polígrafo sofresse uma pane e parasse de funcionar.


Veja algumas mentiras de Pazuello


Tratamento precoce – Disse que a plataforma (TrateCOV), criada na sua gestão, não teria sido distribuída aos médicos (…). “O aplicativo nunca entrou em operação”, disse Pazuello, que mandou tirá-lo ar 20 depois de funcionamento. No dia 11 de janeiro, durante um evento em Manaus, o Ministério da Saúde lançou o aplicativo TrateCOV.


Decisão do STF – Disse que a decisão do STF em abril de 2020 limitou a atuação do Governo federal nessas ações. Em nenhum momento o Supremo proibiu ou limitou ações federais. Ao contrário, disse que ele deveria coordenar, o que se negou a fazê-lo.


Imunização no Brasil: Afirmou que o Brasil estaria entre os países que mais imunizaram no mundo. A informação visa a confundir. Não faz sentido comparar números absolutos. O que importa é imunização percentual, ou seja, quantos por cento da população recebeu a vacina.


Além disso, o país começou a vacinar no final de janeiro, quando poderíamos ter começado em dezembro do ano passado, como tantos países conseguiram. O Brasil aparece atrás de mais de 80 países se for considerado o percentual da população que recebeu ao menos uma dose de vacina. Nosso ritmo é um dos mais lentos do mundo.


Cloroquina – Disse que a cloroquina é um antiviral e um anti-inflamatório conhecido pelo Brasil. O medicamento não é um antiviral nem um anti-inflamatório, e sim um antimalárico, utilizado no combate ao plasmódio da malária, que é um protozoário.


Compra de vacina– Afirmo que o governo Bolsonaro não tinha como comprar a vacina da Pfizer sem a autorização do Congresso. O governo reclamava publicamente das cláusulas do laboratório Pfizer, mas não citava a necessidade de lei. O governo, que tinha a iniciativa legislativa, nada fez.


Desautorização de compra da coronavac – Disse que nunca o presidente da República mandou ele desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan. “Uma postagem na internet não é uma ordem”, afirmou Pazuello. Em outubro, o ex-ministro anunciou um protocolo de intenção de compra de 46 milhões de doses da CoronaVac (do Instituto Butantan em parceria com a Sinovac). Um dia depois, porém, Bolsonaro afirmou que o governo não ia adquirir “vacina da China”.


Ainda fez afirmações falsas sobre Zíka vírus x cloroquina, compra de vacina, tratamento precoce, colapso de oxigênio em Manaus, consórcio internacional de vacinas, TCU e a Pfizer, produção de cloroquina pelo Exército, pressão para regulamentar a cloroquina no SUS e plano de contingência.




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