Zema paga 13º salário atrasado antes da reunião que pedirá sacrifício aos poderes
Um dia antes da reunião na qual irá pedir o compartilhamento de sacrifício com os outros poderes, o governador Romeu Zema (Novo) irá pagar nesta quarta (20) o 13º salário atrasado. A reunião com os presidentes da Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público e Defensoria acontece nesta quinta (21). O governo mineiro desembolsará cerca de de R$ 480 milhões para pagar o 13º salário de 18% do funcionalismo que ainda não receberam.
A notícia causou estranheza no meio político uma vez que o governo alega não ter recursos e chamou uma reunião com os poderes para buscar soluções para a falta de dinheiro. A eles, pretende apresentar o grave quadro das contas públicas, soluções e ouvir alternativas. A convicção, hoje, do governo, segundo o secretário-geral Mateus Simões, é de que somente será possível apresentar a escala de pagamento aos servidores do Executivo após essa reunião.
Ao lado de Mateus Simões e Igor Eto, Zema participa de videoconferência, foto Gil Leonardi/Imprensa MG
Fluxo de caixa
Zema não considera justo impor sacrifícios aos servidores do Executivo, como parcelamento ou risco de atrasos, sem dar o mesmo tratamento aos servidores do Judiciário e Legislativo. “Não existe servidor público de 1ª e 2ª categoria”, observou ele, na sexta (15). Uma das propostas dele é o parcelamento dos repasses aos poderes, para combiná-lo com o fluxo de caixa.
Deverá ouvir um sonoro não e comprar brigas indesejadas, especialmente nesse momento de pandemia da Covid-19. Se já vive uma crise fiscal e sanitária, corre o risco de ganhar uma terceira, de ordem institucional e política.
Quadro de despesas apresentado, na sexta (15), pelo secretário da Fazenda
Risco de impeachment
Na quinta (14), a Assembleia Legislativa aprovou lei reafirmando risco de impeachment do governador sob o argumento de que atrasar os repasses dos outros poderes seria crime de responsabilidade. O governo descarta riscos. A avaliação nos outros poderes é de que a estratégia de Zema é desgastante e de risco para ele. De acordo com essa visão, Zema não governa sem o Legislativo, o Judiciário e o Tribunal de Contas. “O estado de calamidade não autoriza afronta dessa natureza aos poderes”, advertiu um integrante de um dos poderes.