Bipolaridade em torno de Zema é combustível de sua instabilidade
O governador Romeu Zema (Novo) se esforça para se sair bem, vai a Assembleia Legislativa, elogia deputados estaduais, mas aí aparece o espírito partidário e o embaraça no mesmo dia. Após o desgaste com o fracasso de duas experiências anteriores, os deputados ainda guardam desconfiança com a nova equipe que faz a coordenação política e de gestão. Circulou nos grupos dos deputados uma postagem crítica a eles em rede social atribuída a Cristiana Renault, que é casada com o novo secretário geral do governo, Mateus Simões (Novo).
Mateus Simões e Romeu Zema durante agenda na Assembleia Legislativa, foto Gil Leonardi/Imprensa MG
Irmã de funcionária da Assembleia, sobrinha de ex-deputado estadual e militante do Novo, Cristiana criticou o número de assessores por deputado estadual. “Uma enfermeira para 20 pacientes, 50 assessores para 1 deputado! Se deram conta qual é a pandemia?”, teria postado ela. E ainda emendou: “Menos os deputados do Novo, é claro…”.
Conflito com o que chamam “velha política”
A manifestação dela reproduz as trombadas dos três deputados do Novo com a maioria dos outros 74 parlamentares de vários partidos. Eles se dizem da renovação contra o que chamam de “velha política”. Além de contestar o número de assessores divulgados, os deputados vincularam a crítica dela ao próprio governo, renovando a desconfiança.
Sobre o assunto, Mateus Simões, que também funcionário licenciado da Assembleia, disse não compartilhar da manifestação da esposa e que nem a teria visto. Ressalvou que ela tem visão própria e age de maneira independente da sua. Seja como for, como disseram no meio, estaria atrapalhando a nova missão do marido em momento delicado. O próprio Mateus duvidou que existam tantos assessores por deputado como ela disse. “Tenho boa relação com os deputados, mas não sou responsável pela relação com a Assembleia. Sou secretário da porta para dentro do governo”, observou.
Para alguns deputados, o problema do governo não foram os secretários anteriores da coordenação política, Custódio Mattos (PSDB) e Bilac Pinto (DEM). “O problema é da comunicação mesmo. Querem adotar as mesmas estratégias e esperar resultado diferente. Isso não é possível”.
Simões vira supersecretário
Simões não é o responsável direto pela relação política, mas atuará como conselheiro por ter mais experiência na área. Foi vereador de Belo Horizonte, até o mês passado, quando renunciou para a nova missão. No governo, ganhou poderes extras e irá presidir o Comitê de Orçamento e Finanças (Cofin), assumindo lugar que antes era do secretário de Planejamento, Otto Levy. Junto com o secretário da Fazenda, Gustavo Barbosa, que detém a chave do cofre, irá definir o que deve ou não ser pago.
Além disso, terá o controle sobre a comunicação do governo. Está montando comitê ampliado para cuidar da área e terá a consultoria do especialista em marketing político, Paulo Vasconcelos. O publicitário exerceu atuação semelhante nos governos tucanos Aécio e Anastasia e dos irmãos petistas, Jorge e Tião Viana, no governo acriano.