Em vez de aliança, coronavírus piora relação e provoca rompimento entre Kalil e Zema
Durou menos de 24 horas o apelo do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), de união política com o governador Romeu Zema (Novo) no combate à ameaça do coronavírus. Na terça, Kalil havia postado mensagem pelo Facebook chamando os prefeitos da região metropolitana para ser unirem sob a liderança do governador. “O vírus não tem partido”, alertou o prefeito, elogiando ainda medidas que Zema teria adotado como fechamentos de bares e restaurantes.
No dia seguinte, o próprio Kalil voltou às redes sociais, desta vez, em sua conta no Twitter para criticar o recuo do governador sobre essa medida. De acordo com assessores do prefeito, não teria efeito fechar só na capital, e não nas cidades vizinhas.
Em seguida, ele editou decreto com suspensão temporária de alvarás para estabelecimentos com potencial de aglomeração de pessoas, entre eles, bares, restaurantes, shoppings, lojas, academias (conheça as medidas). Em sua justificativa crítica, o prefeito disse que estava “preocupado com vidas e não com pessoas”.
Kalil e Zema estão em campos opostos, fotos reprodução Facebook de Kalil e de Zema
“Quem está atrás de palanque é ele”
Em resposta a Kalil, Zema disse, em entrevista às rádios Band News e Super, que o prefeito estaria mal assessorado sobre o assunto. E devolveu: “quem está atrás de palanque é ele por conta do ano eleitoral”.
“O prefeito (Alexandre Kalil) precisa se cercar de pessoas que entendam melhor a legislação. Dar ou não alvará de funcionamento é responsabilidade do prefeito, e não do Estado”, justificou Zema.
“Quem está em ano eleitoral e querendo aparecer é ele, não eu”, disse o governador. “Ele me ligou, eu solicitei a medida, e é responsabilidade de cada um dos prefeitos analisar o caso. O Estado não tem poderes para isso. O governador de São Paulo, João Doria, chegou a editar um decreto (no sentido de fechar os estabelecimentos) e teve que voltar atrás”, emendou o governador.
Segundo o governador, ele só tem poderes para fechar os estabelecimentos caso o governo federal decrete estado de calamidade pública. “Até esse momento, eu posso apenas recomendar”, disse Zema. “Ele (Kalil) está fazendo um alarde enorme, sem necessidade, talvez até porque precise de palanque”, disse. Conheça as medidas do governador para combater a doença
.
“Preciso de um governador de palavra”
Na tréplica, Kalil observou que o fechamento de estabelecimentos não é uma medida populista, mas algo emergencial que precisa ser feito. “Eu não preciso de palanque, preciso de um governador que tenha palavra”, afirmou Kalil.
O prefeito ainda classificou o decreto de Zema para conter a propagação do coronavírus “quase infantil” e pediu a ele que siga o exemplo de governadores de outros estados. “Gente que tem coragem”, afirmou Kalil.
Em resumo, o governador e o prefeito da maior cidade do Estado, nada menos do que a capital, que já não conversavam, ficarão rompidos nessa hora difícil para o cidadão mineiro e de avanço da epidemia.
CNM e AMM adotam plano emergencial a municípios
Longe dessa crise política, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e a Associação Mineira dos Municípios (AMM) enviaram ao Governo federal, na quarta (18), o Plano de Apoio Emergencial aos Municípios. A medida foi tomada diante da enorme preocupação com prejuízos de ordem social e econômica por conta da epidemia e para o enfrentamento ao coronavírus.
A AMM buscará o apoio dos parlamentares mineiros para a efetivação das medidas. O presidente da AMM, 1º vice-presidente da CNM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda, destacou a importância dessas medidas para a manutenção dos serviços essenciais à população. A intenção é conseguir atender toda a demanda advinda com a pandemia do coronavírus.
“Neste momento, precisamos de ações preventivas para garantirmos que os municípios não entrem em caos social e econômico por conta dessa pandemia. Por isso, precisamos que o governo federal aja de forma rápida em socorro à população e à manutenção das prefeituras”, destacou. Julvan ainda apontou o pedido de atenção especial ao coordenador da bancada mineira, deputado Diego Andrade, para as pautas solicitadas no plano enviado.
“Manter os serviços básicos à população”
O Plano de Apoio Emergencial aos Municípios apresenta solicitações de ações viáveis que resultarão na salvação de vidas, minimizando os efeitos colaterais de paralisia econômica e social. O objetivo é manter o atendimento da população diante da escassez de recursos e da ampliação das obrigações.