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Assembleia registra em placa de aço nomes dos mortos no crime da Vale

“Crime que vitimou 272 pessoas” – com essa convicção do relatório de sua CPI, a Assembleia Legislativa homenageia as vítimas da tragédia da Vale em Brumadinho. A dois dias de completar um ano do desastre, o Legislativo mineiro registra, nesta quinta (23), em placa de aço o nome de todos os mortos. No dia 25 de janeiro de 2019, barragem da Vale, da Mina Córrego de Feijão (Brumadinho), rompeu causando desastre social e ambiental sem precedentes. Mais grave, a morte de 272 pessoas, das quais 11 ainda estão desaparecidas na lama deixada pela tragédia.

Vítimas da tragédia da Vale, em Brumadinho (Grande BH), serão homenageadas pela Assembleia, foto Guilherme Bergamini/ALMG

“O rompimento da estrutura foi a causa, documentalmente comprovada, dos eventos (apurados). No entendimento desta Casa, faz inequivocamente tratar-se de crime. Crime, aliás, sem precedentes. Crime que vitimou 272 pessoas”, diz trecho do relatório final da CPI da Assembleia. Quatro meses depois, essa mesma certeza levou, na terça 21, o Ministério Público de Minas a pedir a condenação do ex-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, e mais 15 pessoas por homicídio doloso duplamente qualificado.

Relatório aprovado por unanimidade

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Barragem de Brumadinho (Grande BH) iniciou os seus trabalhos em março de 2019. Durante as investigações, foram colhidos 149 depoimentos e realizadas 32 reuniões e duas visitas. E ainda foram aprovados centenas de requerimentos a autoridades e órgãos públicos.

A CPI teve seu relatório final aprovado por unanimidade em reunião com a presença de familiares das vítimas. O documento responsabilizou a mineradora Vale e pediu o indiciamento de 11 de seus dirigentes e funcionários. Além deles, de dois auditores da empresa alemã de consultoria Tüv Süd. Com 300 páginas, o relatório ainda propôs a criação do Grupo de Trabalho da Barragem de Brumadinho. Iniciativa inédita, esse grupo vai monitorar a implementação das recomendações apresentadas no relatório final.

Homenagem para preservar a memória

A solenidade de homenagem será realizada nesta quinta, a partir das 17 horas, no Espaço Democrático José Aparecido de Oliveira, da Assembleia. A cerimônia será marcada pela inauguração de uma placa estilizada com os nomes de todos os mortos. Além dos nomes, a obra também traz breve contextualização e estrofe do poema Lira Itabirana, de Carlos Drummond de Andrade. “Quantas toneladas exportamos/De ferro? /Quantas lágrimas disfarçamos/Sem berro?”, pontua trecho de sua obra.

O monumento em homenagem à memória dos atingidos pela tragédia será instalada em frente ao prédio do Legislativo, na Praça Carlos Chagas. O descerramento da placa será seguido de toque de silêncio, além de pronunciamentos de familiares das vítimas e do presidente da Assembleia, Agostinho Patrus (PV).

O ato tem o objetivo de preservar a memória, a fim de que jamais sejam esquecidos os 272 mortos na tragédia, incluindo-se dois nascituros. Onze vítimas ainda não tiveram seus corpos localizados. Um ano após a tragédia, as equipes de resgate permanecem com operações de busca no local.

“Crime social e ambiental”

“Muitas vidas se foram em razão de um verdadeiro crime social e ambiental. O dia 25 de janeiro está e estará para sempre em nossas memórias como uma das mais tristes e dolorosas páginas da história de Minas. A Assembleia esteve ao lado das pessoas atingidas por essa tragédia desde o primeiro momento. Por isso, a Casa faz essa sincera e respeitosa homenagem. São marcas de uma dor que não cicatriza. Neste momento, tanto quanto um ano atrás, a dor de todos nós permanece”, afirmou Agostinho Patrus.

Nova regra proíbe barragem a montante

Outra importante medida da Assembleia, no período, foi a revisão do conjunto de normas vigentes, com a aprovação da Lei 23.291, de 2019. O texto criou a Política Estadual de Segurança de Barragens. A regra proibiu o método de construção de barragens de alteamento a montante, estrutura da Vale em Brumadinho. Determinou também a migração dos empreendimentos para modelos alternativos, considerados mais seguros.

(*) Com informações do site da ALMG

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