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Protesto reafirma divisão das ruas e expõe racha na direita e com Centrão

Os atos de domingo (26), quando milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) foram às ruas em 140 cidades, reafirmaram que o presidente não está isolado, que há um racha na direita e que o bloco parlamentar chamado Centrão, e não os oposicionistas do PT, seria o maior obstáculo de seu governo. O Centrão é aquele bloco parlamentar informal com cerca de 200 deputados de vários partidos de perfil centro e centro-direita (PP, DEM, PRB, MDB e Solidariedade), que apoiaram Bolsonaro nas eleições e em suas propostas de reformas. Liderado em parte pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), o grupo tem imposto derrotas seguidas ao governo.

As ruas de domingo não exibiram demonstração inequívoca de apoio, mas também não foram um fracasso. Confirmaram que o presidente ainda goza de adesão entre seus seguidores, apesar das divergências na direita e da perda de popularidade no conjunto geral da população, onde sua rejeição já é maior, tecnicamente, do que a aprovação geral (de acordo com pesquisa da XP Investimentos/Ipespe, a avaliação negativa aparece empatada, na margem de erro, com a avaliação positiva: 36% contra 34%, nos dias 20 e 21 de maio.

Divergências e racha à direita

Os até então aliados MBL e Vem Pra Rua, grupos direitistas, entre outros, foram intensamente criticados por reprovarem as manifestações pró-governo. “O MBL oportunista foi vendido pro Centrão. Maia (Rodrigo) e Kataguiri (líder do MBL) abrindo as pernas pro centrão; Fazendo acordo com bandidos e traindo a nação”, eram algumas das palavras de ordem dos manifestantes.

Quem manda nas ruas?

Se havia, e ainda há, disputa para ver quem manda mais nas ruas, pode-se dizer também que é de empate técnico, com viés de vantagem para a oposição, que, no dia 15 passado, levou mais manifestantes contra os cortes na educação, que, na avaliação dos que defenderam Bolsonaro, nas mesmas ruas de domingo, não foram cortes, mas contingenciamento, seguindo orientação do próprio presidente.

A maioria pode até não saber, mas contingenciamento e corte na política brasileira são diferentes na teoria, mas, na prática, trata-se da mesma coisa. Dificilmente, o recurso contingenciado volta à sua destinação de aplicação originária. Basta fazer uma pesquisa para confirmar como tem sido e, com Bolsonaro, não deverá ser diferente. Antes disso, ele recuou parcialmente dos cortes.

Congresso Nacional foi alvo maior

Voltando às ruas, os protestos do domingo foram, primeiro, resposta às manifestações que, no dia 15 passado, reclamaram dos cortes na educação e da reforma da Previdência em170 cidades. Em segundo lugar, os recados são dirigidos ao Legislativo. Apesar de orientar o distanciamento do governo dos atos, Bolsonaro não resistiu ao bom resultado deles e demonstrou preferir o clima de campanha eleitoral, dos confrontos nas ruas e nas redes sociais.

Com uma dose de risco político, voltou a direcionar os protestos contra o que chamou de “velha política”, o que não ajudará à sua frágil e confusa negociação parlamentar. Ele trata o Congresso Nacional como legítimo representante do toma-lá-dá-cá, especialmente quando é derrotado nas votações de seus projetos. Ou seja, se votam a favor, estariam conectados com a boa política, mas, do contrário, são fisiológicos e até mesmo “um palavrão”, como o presidente classificou o Centrão.

Comentários irritam congressistas

Ao dizer que as ruas deram recado àqueles que teimam com velhas práticas estimula o clima de mal-estar contra seu governo, além de reforçar o desgaste político no Congresso Nacional e a incerteza econômica.

A reação do presidente Bolsonaro pode contribuir para agravar sua relação com o Congresso, onde o governo mantém dificuldades na relação política para avançar na aprovação de seus projetos, em especial a reforma da Previdência e o pacote anticrime.

Reforma administrativa será teste

Os efeitos dos protestos poderão ser sentidos na votação da MP 870 da Reforma Administrativa, que deve acontecer ainda nesta semana no Senado, influenciando o debate. Alguns senadores demonstraram a intenção de propor a devolução do Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Justiça (Sergio Moro).

Um dos alvos dos protestos é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), por ser um dos críticos da desarticulação política do governo. Por outro lado, é um dos principais articuladores da reforma da Previdência no Congresso.

Tudo somado, os atos e comentários de Bolsonaro sobre as manifestações podem pressionar por uma aprovação mais rápida de suas pautas ou, contrariamente, atrasá-las ainda mais.

FOTO ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL: Manifestação pró-governo em São Paulo

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