Zema não confirma veto, mas admite que jeton é "prática condenável"
O governador Romeu Zema (Novo) adiantou que não deverá vetar emenda aprovada em sua reforma administrativa, pelos deputados estaduais, impedindo secretário de engordar o próprio salário por meio da participação em conselhos de empresas públicas e estatais. “A Assembleia está correta, essa prática é condenável”, reconheceu, disposto a discutir com os deputados estaduais uma forma de dar remuneração digna para manter o secretário no cargo. Agora, temos que analisar e levar para a Assembleia uma questão de um secretário ganhar R$ 7 mil enquanto que, nos outros poderes, pagam melhor”.
Relação com a Assembleia
De acordo com Zema, os deputados só têm agregado. “Tomamos medida prematura no caso da escola integral. Saímos da Assembleia melhor do que entramos, e os próprios parlamentares entraram com emendas parlamentares para ajudar na solução”.
Transparência e voos oficiais
De acordo com Zema, dar transparência a tudo que faz tem lhe causado dificuldades e, muitas vezes, interpretação errada. “Nunca antes na história do estado, um governador teve os voos questionados como os meus, realizados sempre a trabalho e sem levar familiares”, disse ele, vinculando a crítica à transparência que deu a fatos que antes ficavam encobertos. Pediu ainda para que a imprensa desse a mesma importância às viagens de carro que faz pelo interior. Na campanha, Zema disse que os voos oficiais dos antecessores eram “farras” que iriam acabar, razão pela qual iria vender as sete aeronaves do estado. Com 120 dias de governo, mudou de ideia e, agora, considera os voos “imprescindíveis” para um estado com 853 municípios.
Custeio será fonte para dívidas
Para honrar o acordo que assinou com os municípios, por meio de conciliação do Tribunal de Justiça de Minas, no valor de R$ 7 bilhões referentes a repasses constitucionais retidos, a maioria pelo governo do antecessor. “De onde vamos tirar o dinheiro, do custeio da máquina, fazendo ajustes na saúde, segurança e educação. Não temos como captar dinheiro no mercado, não temos casa da moeda. Temos que fazer com sacrifício, não vamos fugir deles, e as medidas nem sempre serão populares. Estamos fazendo o que a lei determina, porque o que era inconstitucional era não pagar os repasses dos municípios”.
Reforma da previdência igual a todos
O governador Romeu Zema defendeu que a reforma da previdência mantenha a inclusão de estados e municípios nas mudanças. “Vamos ter reforma da previdência aprovada, mas, de preferência, que ele inclua os estados e poupe o trabalho a 27 estados de fazerem o mesmo trabalho. O novo sistema será menos injusto”, prevê ele, antecipando tema que irá pautar o próximo encontro de governadores sobre a reforma da previdência neste mês. Em Brasília, deputados discutem o fatiamento da reforma, excluindo estados e municípios de seu alcance.
Alinhamento a Bolsonaro
Reafirmou que seu governo está alinhado ao de Bolsonaro em mais de 90% das iniciativas. “Vamos solicitar investimentos para Minas e já priorizamos a duplicação da 381 (rodovia que liga BH a Valadares) e a falta d’água no Norte de Minas”. Contou também que, em sua relação com o governo federal, elegeu a duplicação da BR 381, que liga BH a Valadares e conhecida como rodovia da morte, como uma de suas prioridades em termos de obras federais. “Faltava alinhamento com o governo federal. Agora tem. Estamos preparando uma série de concessões e PPPs (Parcerias Público-privada), porque não temos capacidade de investir como se demanda”. Segundo ele, já existem estudos avançados para que alguns trechos de rodovias de Minas sejam entregues para empresas. Os trechos a serem privatizados devem ser detalhados até o fim deste mês.
Pedágio em troca do IPVA
Ainda na conversa, defendeu que é melhor uma BR 381 pedagiada do que o que está aí, “sem pista e sem nada”. “O que o estado tem que fazer é “estradas pedagiadas” e não cobrar de todos o pagamento do IPVA (Imposto de sobre propriedade de veículos Automotores). “Ficaria um imposto mais justo, paga quem usa e não a viúva que deixa o carro na garagem. Quero que isso aconteça em Minas, não ter que pagar o IPVA e somente o pedágio. O Brasil tá caminhando para isso”.
Renegociação da dívida para ter crédito
Sobre a dívida mineira com a União, Minas vai ter a vantagem, segundo Zema, porque os juros que estão atrasados não incidirão sobre o principal. Além disso, teremos aval do governo federal para operações de crédito.
Hoje, seria candidato à reeleição
Embora seu partido (Novo) seja contra, Zema admitiu que, hoje, disputaria a reeleição ao cargo de governador. “O Novo é favor da renovação de poder. Vamos ver mais tarde. Hoje, estou candidato, mas daqui a três anos e meio não sei. Muitos dos que estão aqui e ainda são solteiros não sabem dizer se daqui a três anos e meio irão se casar ou não”.
Emprego e desemprego
O governador mineiro comemorou o fato de Minas ter gerado, no mês de março, cerca de cinco mil empregos quando, no plano nacional, houve queda de 46 mil postos de trabalho em todos os estados. “Vamos aguardar maio para ver se esse patamar positivo seja mantido. Significa restabelecimento da confiança; onde há confiança há investimento, onde há investimento haverá geração de emprego”.
FOTO GIL LEONARDI/IMPRENSA MG: Zema conversa com jornalistas mineiros