Duelo de extremos não pode ameaçar maior obra democrática: Constituição
O cenário nacional se consolidou, nas duas últimas semanas, na polarização entre antipetistas e petistas. Jair Bolsonaro (PSL) e seus aliados trabalharam com uma opção que é contra o “tudo o que está aí”, e o principal representante do “que está aí” e que poderá estar no segundo turno é o PT; da outra parte, o PT adverte para o risco de retrocesso, do desconhecido e autoritário.
De domingo pra cá, nesta última semana de campanha, a derradeira do primeiro turno, os aliados de Bolsonaro jogaram pesado naquela estratégia semelhante à do presidente norte-americano Donald Trump, quando foi candidato, de espalhar informações não de sua campanha e de suas propostas, mas de desconstruir o candidato e partido adversários, Fernando Haddad e o seu PT.
Então, colocaram em campo o jogo do vale-tudo, mesmo sabendo que muito do que propagam não é verdade, que é fake News ou falso; para eles isso não importa, o objetivo é aumentar a rejeição a Haddad e ao PT entre os empresários, evangélicos e o cidadão comum, com discursos de ‘venezuelização’ do país, de ditadura comunista, para ganhar no primeiro turno. Tanto é que Bolsonaro não cresceu nas pesquisas além da margem de erro, e nessa hora que os institutos excluem os votos brancos, nulos que são voto inválidos, parece que houve crescimento de todos, mas não é bem assim.
A estratégia de Bolsonaro então é vencer no primeiro turno, porque, de acordo com os mesmos institutos que apontam a liderança dele, ele correria riscos, no segundo turno, ante Haddad. Então, a ansiedade para vencer logo é muito grande, até porque se a eleição fica aberta há sempre o risco de perder ou ganhar. Da parte do PT, a resposta é atacar os fake News e os riscos de retrocesso no país.
Ambos erram também quando falam em mexer na Constituição, de convocar constituinte para mudar a Constituição.Mas não se pode perder o bom senso e os princípios democráticos. Nesse ambiente de confronto de extremos não se pode nem se deve pôr em risco a democracia e sua principal obra construída coletivamente nesses últimos 30 anos que é a Constituição Federal brasileira, completados exatamente na sexta (5).
As coisas estão ruim, o país precisa de mudanças, mas nem tudo o que está aí é ruim. Vivemos uma crise especialmente econômica, o que acaba agravando todas as diferenças sejam políticas e sociais. Os 30 anos de nossa principal obra democrática e de avanços socais, que é a Constituição, precisam ser preservados em defesa do estado democrático de direito.
Que vença o que tiver mais votos, mesmo que nem sempre seja o melhor, mas devem prevalecer as regras do jogo democrático, porque, caso contrário, teríamos o pior resultado da eleição e para o nosso futuro quatriênio.
FOTO ARQUIVO AGÊNCIA BRASIL: Dr. Ulysses Guimarães erguia a Carta Magna há 30 anos, em 1988