Anastasia busca aliados; Pimentel sofre baixas e ameaças
O senador tucano Antonio Anastasia assumiu oficialmente, nesta segunda (14), em Contagem (Grande BH), a pré-candidatura a governador, já que não pode, por impedimento legal, lançar a candidatura, o que será feito só em junho após as convenções partidárias, mas é um caminho sem volta. O evento pretendeu dar dimensão do que será sua estratégia, de reunir toda a oposição em torno de seu nome e os insatisfeitos com o atual governo, como grande parte dos prefeitos mineiros e boa parte do funcionalismo estadual. Com o lançamento, o tucano encerrou também as especulações, a boataria de que poderia mudar de ideia novamente, já que não queria entrar na disputa até pouco tempo atrás.
Então, a estratégia de Anastasia é reunificar a oposição e buscar a polarização com o PT. Nesse sentido, deverá intensificar as conversas com os pré-candidatos Rodrigo Pacheco (DEM), Dinis Pinheiro (Solidariedade) e o ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), além de contar ainda, provavelmente, com o MDB, que acaba de romper definitivamente a aliança de oito anos com o PT do governador Fernando Pimentel.
Essa articulação política, se bem-sucedida, resgataria a polarização de mais de 15 anos entre o PT e o PSDB em Minas. Se assim for, a disputa poderá ter apenas um turno; caso contrário, a polarização aconteceria em eventual segundo turno se ambos os partidos passarem à segunda fase.
A outra ponta da estratégia de Anastasia é fazer o contraponto ao governador Fernando Pimentel (PT) e a seus problemas administrativos, como, por exemplo, prometer o fim dos atrasos nos repasses constitucionais aos municípios e o fim do parcelamento de salários de boa parte dos servidores. Com as duas estratégias, além de reconquistar e fortalecer antigos aliados, ele busca também atrair os insatisfeitos com a gestão Pimentel.
Da parte do governador, ao contrário, seu projeto de reeleição começa com muitas baixas e graves ameaças. A partir desta terça (15), ele deverá iniciar a batalha para salvar o atual mandato contra o impeachment em um processo que vem carregado de ressentimentos e rompimentos, já que será comandado pelo seu principal aliado até março passado, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes, maior liderança do MDB. Ele agora se junta ao presidente estadual do MDB e vice-governador Antonio Andrade, que está rompido com Pimentel há dois anos. Eles poderão lançar candidato próprio ou até mesmo buscar novas alianças nas eleições contra a reeleição do petista.
A mesa diretora da Assembleia, presidida por Adalclever, deverá rejeitar os dois requerimentos dos petistas para anular o processo de impeachment. Sendo assim, irá também concluir a definição do rito do processo, quando então começará a caçada aos votos. Os opositores precisarão de 52 dos 77 deputados para afastar o governador, e os aliados dele, de apenas 26 votos. Com isso, não há espaço para votações de projetos no plenário, que, desde o início do ano, nada votou até agora. Em vez disso, assistiremos a uma guerra autodestrutiva e fratricida entre ex-aliados. Numa primeira avaliação, a briga irá enfraquecer os planos de Pimentel, ou, se vencer, poderá até se fortalecer.
REPROCUÇÃO BHAZ/Marcos Oliveira/Agência Senado/Guilherme Bergamini/ALMG Rivais iniciam caminhada eleitoral em situações opostas