Intervenção é 'saída honrosa' de Temer contra derrota na reforma
Oportunista ou necessária, a intervenção federal decretada pelo presidente Michel Temer é arma para disfarçar a falta de apoio político e iminente derrota em eventual votação da reforma da Previdência. Como já foi dito, a Constituição, em seu artigo 60, diz que, em casos de intervenção federal, estado de sítio e ou de guerra, não pode haver mudança na Constituição, nem mesmo discussão. O entendimento é de que deputados federais e senadores não teriam liberdade plena de voto.Então, o assunto reforma da Previdência está fora da pauta. Primeiro, pela falta de apoio político; depois pelo impedimento constitucional derivado da medida extrema de intervenção. Para ser votada, a partir de agora, o governo teria que revogar a medida que tem validade desta sexta (16) até 31 de dezembro, até o fim do governo. Oficialmente, a medida foi tomada para acabar com o grave comprometimento da ordem pública no Rio. Por meio dela, o governo do Rio está assumindo a falência de seu sistema de segurança pública, além de constatar que é impossível combater o tráfico de drogas e armas sem o auxílio federal. Claro que sim e confirma que as forças federais não estavam fazendo a parte delas, afinal, quem deveria cuidar das fronteiras e do combate ao tráfico de drogas e armas são as Forças Armadas e a Polícia Federal. Ainda assim, é preciso aguardar pra ver. Tenho minhas dúvidas a respeito do sucesso, porque militares do Exército não foram treinados para fazer a segurança interna. Se fracassarem, a autoridade do Estado ficará em xeque. A intervenção deveria ser feita nos presídios, onde o crime organizado mantém seus escritórios, com telefone celular e outras regalias. O presidente usou frases de efeito, em seu pronunciamento, para demonstrar autoridade. Mais uma jogada de marketing, porque, se der certo, imagina encontrar ambiente e apoio políticos para votar, então, quem sabe, a reforma da Previdência.Aos cariocas, nossa solidariedade nesse momento difícil, que, com a intervenção, ficará ainda mais incerto.
Foto Reprodução/ CML: Da esquerda para direita generais Braga Netto, Fernando e Villas Bôas discutem intervenção