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PF recorre à força para apurar memorial contra arbítrio

Mesmo após o episódio desastroso que levou ao suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier, a Polícia Federal voltou a comandar operação coercitiva em outra universidade, desta vez na UFMG, sem prestar contas publicamente de seus atos à sociedade e aos alvos da ação policial. A corporação apura irregularidades na construção, em BH, do Memorial da Anistia Política do Brasil, único no país e uma iniciativa em defesa da democracia e contra o arbítrio.

Na manhã desta quarta (6), oito professores da UFMG foram conduzidos coercitivamente à sede da PF, em Belo Horizonte, no Bairro Gutierrez, para prestar esclarecimentos sobre supostos desvios de recursos públicos federais nesse projeto e em outros. Entre os conduzidos, estavam o reitor Jaime Rodriguez, a vice-reitora Sandra Goulart, que foi eleita para o cargo de reitora a partir de março de 2018, e o presidente da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo.

As investigações são de responsabilidade e competência da Polícia Federal, mas deveriam também ser conduzidas e realizadas à luz do Estado de Direito. Não compete à polícia recorrer à força para ouvir depoimentos e apurar, muitos menos prejulgar, como fizeram na entrevista coletiva.

De acordo com o delegado responsável, Leopoldo Lacerda, R$ 4 milhões teriam sido desviados do pagamento de bolsas de estágio e extensão na Universidade. “Cerca de R$ 4 milhões a gente tem comprovado que foram desviados para outras contas e projetos, dinheiro este que deveria ser destinado a bolsa de estágio e extensão. A gente pretende hoje com as buscas e apreensões identificar quais são essas contas e projetos. A gente tá investigando ainda o beneficiário final. Temos a conta de passagem que são da própria fundação e de desenvolvimento da pesquisa.”, disse o delegado, que já trata os suspeitos, na condição de investigados, como integrantes de uma quadrilha organizada.

Antes do lamentável episódio, não houve notificação preliminar muito menos processo administrativo, já que a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas da União teriam se omitido perante eventuais desvios e nada fizeram. O mundo acadêmico ainda ficou indignado com a provocação feita pelos policiais ao nomear a operação de “Esperança equilibrista”, numa suposta e desrespeitosa crítica à memória daqueles que dedicaram suas trajetórias a combater o arbítrio e ao estado policialesco, que, a princípio, marcaram a operação desta quarta (6), em Belo Horizonte. Registre-se ainda que essa foi uma das primeiras operações após a troca de comando na corporação feita pelo governo Temer no dia 20 de novembro passado.

Veja a repercussão:

“A PUC Minas expressa sua defesa de que tais ações se deem dentro do amplo respeito à dignidade e aos direitos individuais e que as autoridades responsáveis pelas mesmas não cedam à tentação da espetacularização midiática que, como sabemos, pode, por antecipação, condenar e punir cidadãos de bem e que possuem inequívoco histórico de bons serviços prestados à sociedade e, no caso específico, à causa da educação”, disse o reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães.

"Em meio a um show midiático as pessoas foram conduzidas sem ao menos informar o motivo da condução. Eles não puderam nem chamar advogados para acompanhar tudo", disse a presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), Beatriz Cerqueira.

"Acompanhei a entrevista do delegado explicando a operação e fiquei assustada. Eles não sabiam explicar nada, não tinham informações sobre nada", afirmou a professora do Departamento de Medicina, Eli Iola Gurgel Andrade.

“Não foi assegurado o direito à defesa e ao contraditório”, ressaltou a servidora da UFMG e membro do Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes), Cristina del Papa.

FOTO RICARDO BARBOSA/ALMG: Centrais sindicais criticam ação policial

 
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