Temer: quanto mais o povo reprova, mais o Congresso apoia
Curiosa a política e a falta de sintonia dela com a realidade e com o povo que deveria representar. Quanto mais o presidente se afunda nas pesquisas, mais crescem suas chances de sobreviver na próxima semana, quando a Câmara dos Deputados vota seu futuro no dia 2 de agosto. Michel Temer (PMDB) é reprovado por 94% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa Pulso Brasil, realizada pela Ipsos, depois de ouvir 1.200 pessoas em 72 municípios, de 1º a 14 de julho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
O saldo é resultado das denúncias de corrupção, após as delações da JBS, e que serão agravadas com a decisão de aumentar combustíveis (impostos). Temer é o mais rejeitado entre todos os políticos, mais até que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB), com 93% de desaprovação, e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), com 90%. Esses três já lideram a rejeição desde o mês passado.
A avaliação do governo alcança 85% da soma de ruim com o péssimo. Para 95% dos entrevistados, o país está no rumo errado. Quando estava perto do impeachment, o governo Dilma Rousseff (PT) registrou 84% de reprovação.
Ainda assim, Temer disse, nesta terça (26), que os desafios, ao contrário, “vitalizam” o seu governo. Ele deve saber do que está falando, porque está convicto de que vencerá onde interessa a ele, que é dentro da Câmara dos Deputados.
O governo está pronto para derrubar a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República, de corrupção passiva. Para isso, busca o número mínimo de deputados para alcançar quórum de 342 deputados federais para abrir a sessão. A turma do DEM e do PSDB decidiu salvar Temer até o fim do mandato, em 2018.
Por quê? Na avaliação deles, Temer conseguiu, por meio de cargos e liberação de verbas, segurar uma base folgada; essa maioria, a um ano das eleições, sai fortalecida junto de suas regiões eleitorais, levando obras e benefícios. A falta de manifestações de rua pela queda de Temer é outro fator que ajuda, ou seja, não constrange os deputados por ficarem a favor dele. Até o PT, maior oposição, também acha melhor manter o presidente fragilizado, para ter mais chances de voltar em 2018.
A avaliação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é de que, se não houver fato novo até quarta (2), haverá quorum para votar a denúncia contra Temer e vitória dele. Até a oposição reconhece que, depois da batalha na Comissão de Constituição e Justiça, ele saiu fortalecido. Os oposicionistas apostam na segunda denúncia a ser feita pelo procurador Rodrigo Janot. Por isso mesmo, Temer quer um placar maior, de 300 dos 513 deputados, para dar demonstração de força política contra essa e com repercussão sobre as outras denúncias que serão feitas pela Procuradoria-Geral da República.
FOTO Agência Brasil: Temer e aliados contabilizam vitória no próximo dia 2
