AMM une petista a tucano e dá lição política
Algo inimaginável na política tradicional aconteceu na eleição da nova direção da Associação dos Magistrados Mineiros (AMM) que deixaria perplexos tucanos e petistas. A começar pela chapa única e de consenso, sem disputa. Além disso, reuniu em um mesmo projeto o PT, o PSDB, PMDB, PP, PSB, entre outros. Sob a presidência de Julvan Lacerda (PMDB), prefeito (reeleito) de Moema (Oeste), a nova diretoria toma posse, para biênio 2017/2019, no próximo dia 11, no encerramento do 34º Congresso Mineiro de Municípios, que começa nesta terça (9).
Antes mesmo da posse, Julvan adiantou o tom que marcará a nova gestão da associação municipalista. “Como a chapa, a AMM não tem dono. Não pertence a esse ou aquele grupo partidário. Nossa bandeira é a pauta municipalista pela qual teremos, por isso, condições e iremos trabalhar sem interesses de grupos”, disse o prefeito, que pretende manter, segundo ele, o bom trabalho que já vem sendo feito, pela atual gestão do ex-prefeito Toninho Andrada. Promete, no entanto, inovações em algumas questões, repercutindo o consenso e o caráter pluripartidário que marcou sua eleição. (FOTO DIVULGAÇÃO/ASCOM/AMM)
De acordo com o presidente eleito da AMM, a divisão que desarrumou a política nacional e mineira só traz prejuízos. “A energia que se desprende e se gasta com a disputa desvia o foco da gestão, que deveria ser atacar os problemas do país”. Distanciando-se dessa rivalidade e do desgaste, Julvan quer fazer da AMM uma entidade representativa dos municípios, porque “o município é a parte mais fraca” na cadeia da administração pública.
“É preciso haver o empoderamento dos municípios”, defendeu ele, traduzindo a ideia por uma reforma tributária que redesenhe o pacto federativo e que reconheça, finalmente, a importância dos municípios como prestador de serviços públicos mais próximos do cidadão. Apesar do desmonte que o país vive hoje, no campo político com graves reflexos no administrativo e econômico, o presidente eleito da AMM está otimista e vê, como estratégia, que o momento é ideal para se impor e avançar.
“União, Estados e o Legislativo estão fragilizados, então, é hora de valorizarmos a força municipalista e fazermos as mudanças necessárias”, pontuou, sinalizando que o campo de batalha será nos Legislativos, onde a nova gestão pretende intensificar a interlocução com os parlamentares.
O prefeito não vê outra forma de mudar se os municípios não ocuparem seu espaço. “A política tradicional e os donos do poder querem manter o controle sobre os municípios e os prefeitos por meio da liberação de verbas. Queremos condições de financiamento que passam, inevitavelmente, por uma reforma tributária”, disse.
Como novo porta-voz dos prefeitos, quer defender e dedicar-se ao municipalismo. “Os municípios estão à míngua e vamos exigir o cumprimento das obrigações por parte dos governos do estado e federal. Minha candidatura foi de independência”, reafirmou.
Poucas horas antes de conversar com esse colunista, Julvan Lacerda havia se reunido com o ex-senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e uma das lideranças políticas do país e de Minas, e com o governador Fernando Pimentel (PT), a maior força política no estado e no PT de hoje. “Já comecei a fazer a mobilização em nome dos municípios, sempre agindo de forma republicana e em busca da conciliação”, receitou ele.
Diante do cenário de desgaste dos políticos de forma geral, ele prevê que haverá dificuldade na reeleição dos mandatos nas próximas eleições. “O momento será de muita renovação, de separar e distinguir quem faz e que não faz”, advertiu, reconhecendo que o povo está cansado da atual situação que coloca todos os políticos na vala comum.
Diretoria suprapartidária
Junto com Julvan Lacerda, foram eleitos como vice-presidentes Wander Borges (PSB/Sabará), Dr. Marcos Vinícius (PSDB/Coronel Fabriciano) e Rui Ramos (PP/Pirajuba), além dos secretários Maria Aparecida Magalhães (PMDB/Manhuaçu) e José Cordeiro (PSDB/Congonhas) e dos tesoureiros Daniel Sucupira (PT/Teófilo Otoni) e Geraldo Godoy (PMDB/Periquito).