Temer teme igreja na reforma da previdência
Temer começa a corrida de votos pela aprovação da reforma da previdência e assume pessoalmente as articulações nesta semana. Não é sem razão, pois, nesta santa semana, ele enfrentará uma das maiores oposições à sua reforma. A intenção é fazer frente à mobilização da igreja católica, especialmente quando aumenta o número de fiéis nas celebrações do feriado que vem aí.
De acordo com a igreja, reformas como a trabalhista e a previdenciária apresentadas pelo governo podem até atender aos apelos do mercado, mas deixam de fora interesses básicos do cidadão. Para o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo auxiliar de Brasília, a proposta defendida pelo governo "escolhe o caminho da exclusão social". O assunto será pauta na Assembleia Geral anual da CNBB, no final deste mês e receberá abordagem crítica em missas.
De olho nas dificuldades de reunir os 308 votos necessários à aprovação da reforma, Michel Temer reuniu-se no domingo com ministros representantes do Nordeste. Grande parte dos parlamentares dessa região estariam contra a reforma. Não é à toa que até o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, está negando apoio e adotando discurso mais oposicionista.
O governo irá cobrar de seus ministros que pressionam as bancadas de seus partidos para votarem a favor. Alguns deles deverão se licenciar do cargo, como Raul Jungmann, da Defesa, e Roberto Freire, da Cultura (ambos do PPS), para votar a favor da proposta.
Os aliados do governo temem a reação da população se votarem a favor. Por isso, nessa ofensiva do presidente, a ordem agora é garantir os votos; quem for contra, será tratado como oposição. O nó górdio está nas mudanças da idade mínima, embora Temer tenha admitido flexibilizar para atender às mulheres.
Noutra frente, o governo busca isolar Renan no Senado, já que seus movimentos começam a influenciar deputados federais que também não querem votar a favor da reforma. FOTO EBC